Após um período de quatro anos de bonança, os produtores de soja do estado enfrentam uma dura realidade, com a queda abrupta nos preços da commodity. Nos últimos 30 dias, a saca de soja teve uma desvalorização média de 17%, retornando aos níveis observados em janeiro de 2020. Além dos desafios climáticos, como a escassez de chuvas e o forte calor, agora os agricultores lidam com a dor de cabeça provocada pela significativa redução nos preços.
O preço médio da saca no estado despencou de R$ 129 para R$ 106 em um mês, e a tendência, segundo informações da Bolsa de Chicago, é de que a queda persista. Mesmo considerando a correção pela inflação, o valor atual representa uma situação pior do que em janeiro de 2020, uma vez que o custo de produção aumentou em cerca de 75% nos últimos quatro anos.
Durante esse período, a soja chegou a atingir cotações impressionantes, alcançando R$ 205,00. Essa valorização resultou em uma expansão significativa da produção, passando de 3,1 milhões de hectares em 2020 para 4,2 milhões atualmente, com uma estimativa de produção de 13,8 milhões de toneladas.
Contudo, a recente queda de R$ 23,00 em apenas um mês pode resultar em uma perda estimada de R$ 5,2 bilhões no faturamento dos produtores de Mato Grosso do Sul, se aplicada a toda a produção. Comparando com o mesmo período do ano passado, a situação é ainda mais desoladora, com uma redução de 35% nos preços.
A desvalorização da soja é atribuída a diversos fatores, incluindo a queda do dólar e a redução do interesse da China, principal comprador dos grãos brasileiros. Analistas estimam que a China deverá importar 18,5 milhões de toneladas no primeiro trimestre, uma redução significativa em relação aos 23,1 milhões no mesmo período do ano anterior.
O setor enfrenta uma verdadeira encruzilhada, pois, mesmo com uma ligeira redução nos custos, os produtores precisariam colher 57,5 sacas por hectare apenas para cobrir os custos. No entanto, a estimativa mais pessimista da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) aponta para uma produtividade média de apenas 54 sacas por hectare, resultando em prejuízos para aqueles que não venderam a produção durante os períodos mais favoráveis.
A esperança para uma possível recuperação nos preços reside na possibilidade de uma quebra na produção, especialmente devido à falta de chuvas em Mato Grosso. A Aprosoja estima uma queda de 21% na produção, o que poderia impactar positivamente os preços, mas a incerteza persiste. Enquanto os agricultores aguardam ansiosamente por melhores perspectivas, a soja, outrora fonte de lucro abundante, agora se torna um desafio a ser superado na busca por sustentabilidade econômica no campo.
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