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Para especialistas, fisiculturista não morreu por causa de aplicação de gás

Causa da morte de Francislaine Aretusa de Souza será apurada pela Polícia Civil

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Reprodução/ Revista Endorfina

Especialistas nas áreas de fisioterapia e endocrinologia, ouvidos pelo Campo Grande News, consideram 'pouco provável' que a autoaplicação de carboxiterapia – que consiste na injeção de gás carbônico sob a pele – tenha sido a causa da morte de Francislaine Aretusa de Souza, 40 anos.

A hipótese foi levantada na manhã desta segunda-feira (29). Mas, o motivo da morte da fisiculturista e fisioterapeuta ainda está sendo apurada pela polícia.

Para a fisioterapeuta especialista em dermatologia funcional Claudia Massolim Brancaglion, o tratamento com gás carbônico é pouco invasivo, pois é feito sob a pele, para eliminar marcas de celulite, estrias, gordura localizada e também a flacidez da pele.

“É um gás não embólico, totalmente medicinal, algo que nosso organismo produz. Quando a gente faz a aplicação ele é difundido imediatamente, diminui a afinidade do oxigênio com o sangue para expulsar a oxigenação, a gente faz em áreas muito pequenas”, diz.

A médica também explica que o tratamento só oferece risco quanto as contraindicações ou se for feito de forma incorreta.

“O procedimento em si, feito corretamente, não tem risco. Mas há várias patologias para as quais ele é contraindicado. Problemas circulatórios, algumas doenças autoimunes, pessoas que tem histórico de embolia, para quem sofre de alguma dessas doenças o tratamento é contraindicado, mas a gente não pode afirmar que algum desses era o caso dela (Francislaine), pois não conhecemos o histórico”, disse.

Em Mato Grosso do Sul, o gás para carboxiterapia é distribuído pela Ibramed, empresa brasileira produtora de equipamentos para as áreas de reabilitação física, estética e medicina estética.

Conforme a médica Estela Sant´Ana, que representa a empresa, o método é seguro e não traz riscos ao paciente, visto que o metabólito injetado faz parte do metabolismo humano.

"O CO2 (puro medicinal) utilizado na carboxiterapia é o mesmo usado para promover pneumoperitônio em cirurgias por videolaparoscopia e arteriografia. Durante a carboxiterapia, volumes de 5 – 200 mL/min de CO2 são administrados por infusão intradémica ou subcutânea assistida", explicou a médica, por meio de nota enviada ao Campo Grande News.

Ainda conforme a médica, a agulha usada nesta modalidade de tratamento tem 13 milímetros de comprimento, o que limita a profundidade da infusão em nível dérmico e hipodérmico superficial.

Os vasos sanguíneos desta região são considerados de muito pequeno calibre. "Anatomicamente e fisiologicamente, é impraticável a ocorrência do fenômeno embolia gasosa na região tratada com carboxiterapia", explicou.

Para a endocrinologista Renata Antonialli, o gás da carboxiterapia funciona melhorando a circulação celular e a oxigenação dos tecidos. A sua aplicação é ampla, pois aumenta a produção de colágeno e reduz a celulite, além de combater a gordura localizada.

“É um tratamento estético, serve para várias coisas, mas nem atinge a corrente circulatória, a não ser que realmente seja feito de maneira incorreta, o que acredito que não seja o caso, já que ela (Francislaine) era uma profissional”, explica Antonialli.

Morte fisiculturista - Conforme boletim de ocorrência, o irmão de Francislaine Aretusa contou que no fim da tarde recebeu uma ligação da mãe pedindo por socorro, pois a irmã dele estava passando mal. Ele foi até a residência e ao ver o estado de saúde da mulher, a levou para a Santa Casa.

Ao chegar no hospital, a vítima estava em parada cardiorrespiratória e sem pulso. A equipe médica ainda fez manobras de ressuscitação por 30 minutos, mas sem sucesso.

À polícia, a família relatou que a vítima era esteticista e fazia autoaplicação, mas, sem detalhes sobre o procedimento.

Francislaine era fisioterapeuta, esteticista corporal e facial, educadora física, fisiculturista e tinha um estúdio de pilates. A profissional era conhecida no ramo de fitness e sempre escrevia para blogs relacionados à saúde.

Francislaine está sendo velada no Memorial Park, em Campo Grande. O Campo Grande News esteve no velório para conversar com a família, mas ninguém quis conversar com a imprensa.

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