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Pai e madrasta foram a festa um dia após a morte de menino no RS

Casal compareceu a balada de música eletrônica na região, diz produtor.Médico, mulher e amiga são suspeitos de matar criança de 11 anos.

O médico Leandro Boldrini e a enfermeira Graciele Boldrini foram a uma festa no dia seguinte à morte do menino Bernardo Boldrini, de 11 anos, no Noroeste do Rio Grande do Sul. Pai e a madrasta estão presos temporariamente junto com uma amiga do casal, a assistente social Edelvania Wirganovicz, por suspeita de participação no crime.De acordo com o atestado de óbito, Bernardo foi morto no dia 4 de abril, uma sexta-feira. Na noite de sábado, dia 5, o casal compareceu a uma festa no município de Três de Maio, a cerca de 85 km de Três Passos, onde a família residia. No dia seguinte, um domingo, o pai registrou na polícia a ocorrência de desaparecimento do garoto, cujo corpo foi encontrado 10 dias depois, na segunda-feira (14), em um matagal de Frederico Westphalen.Segundo um dos produtores da festa, não havia nada de anormal no comportamento do médico e da mulher que levantasse alguma suspeita. Ele passou a maior parte do tempo em um camarote tomando vodka. Estava feliz”, detalhou o produtor cultural Flavio Schwede, responsável pela sonorização da The Night Black, evento que reuniu cerca de 2 mil pessoas. Ele também se diz amigo e paciente do médico.

O produtor lembra que o primeiro contato com Luciano ocorreu na porta de entrada do clube, onde o médico se envolveu em uma confusão com seguranças. “Eu estava passando por ali e ele me chamou. Não entendi o que era, mas expliquei aos seguranças que ele era um médico conhecido. Pedi para liberarem ele. Depois, me explicou que ele havia perdido uma carteira”, contou.

Em seguida, o médico acendeu um charuto em uma área onde o fumo era proibido, afirma o produtor. “Os seguranças voltaram a intervir e ele apagou o charuto. Depois de ele andar oito a 10 passos, a mulher apareceu gritando o nome dele”, diz o produtor. “E aí o Leandro voltou a chamar a minha atenção por volta das 5h15. Ele achou a carteira e começou a abraçar as pessoas que estavam próximas para comemorar”, relembra.

Frieza do pai ao falar sobre desaparecimento espantou empresárioNo dia seguinte à festa no clube em Três de Maio, Schwede voltou a ter contato com Luciano Boldrini na praça central de Três Passos. No local, um evento gratuito para famílias reuniu moradores da região. De acordo com o produtor cultural, ao vê-lo o médico voltou a comentar sobre a carteira recuperada. “Ele gritou: ‘Flávio, achei a carteira!’ Somente isso.

Minutos depois, o médico encontrou na mesma praça o empresário Edgar Dreher, 25 anos, que também é paciente de Boldrini. “Ele me perguntou se eu havia visto o filho dele. Eu disse que não. Mas na hora entendi que o garoto tinha se perdido na praça. Aí ele me explicou: ‘Não, ele foi na casa de um amigo na sexta, fui lá e ele não estava’. Falou com muita tranquilidade. Tudo aquilo me espantou”, contou o empresário.

Dreher se disse chocado com a frieza do médico no diálogo. “Me ofereci para ajudar. E ele simplesmente disse: ‘É, terei que fazer um BO (Boletim de Ocorrência). Foi muito frio. Como pode um pai não ver o filho desde sexta e falar assim de um desaparecimento? E minutos antes ele estava falando na carteira perdida”, ressaltou o empresário.

Velório e seputalmentoO corpo de Bernardo foi sepultado na manhã desta quarta (16), por volta das 10h30 no Cemitério Municipal de Santa Maria, na Região Central do estado. Mo mesmo jazigo está sepultada a mãe dele, Odilaine, falecida em fevereiro de 2010 aos 30 anos. Segundo a polícia, a mulher cometeu suicídio com um tiro na cabeça no consultório onde o ex-marido trabalhava à época.

Na terça (15), o corpo de Bernardo foi velado emTrês Passos, no ginásio do Colégio Ipiranga, onde ele estudava. Moradores, professores e colegas de escola foram se despedir do garoto. A notícia da morte dele, após 10 dias desaparecido, chocou e causou indignação em Três Passos.

Durante o velório em Santa Maria, o advogado da avó do garoto, Jussara Uglione, apresentou o atestado de óbito de Bernardo. O documento diz que a morte ocorreu no dia 4 de abril de “forma violenta” e o corpo foi encontrado em adiantado estado de putrefação. De acordo com a Polícia Civil, o garoto foi morto com uma injeção letal, o que ainda deverá ser confirmado pela perícia. A investigação também vai apurar se a criança foi dopada antes de morrer.

Caso corre em segredo de JustiçaA investigação corre em segredo de Justiça e poucos detalhes são fornecidos à imprensa. Mas de acordo com a delegada Caroline Virginia Bamberg, responsável pela investigação, a Polícia Civil diz ter certeza do envolvimento do pai, da madrasta e da amiga da mulher no sumiço do menino. Precisamos identificar o que cada um fez para a condenação, afirmou.

De acordo com a família, Bernardo havia sido visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No domingo (6), o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.

No início da tarde do dia 4 de abril, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. A mulher trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen.

“O menino estava no banco de trás do carro e não parecia ameaçado ou assustado. Já a mulher estava calma, muito calma, mesmo depois de ser multada”, relatou o sargento Carlos Vanderlei da Veiga, do Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM). A madrasta informou que ia a Frederico Westphalen comprar um televisor.

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