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Crise da carne: Frigoríficos suspendem abate de boi e afeta mercado, diz Acrissul

Entidade cogita falta de carne para consumo

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Divulgação

Mato Grosso do Sul não estava na mira da operação Carne Fraca, desencadeada pela polícia federal na última sexta-feira, 17, mas o escândalo já contaminou o Estado, e frigoríficos teriam suspendido o abate bovino. De acordo com o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul, Jonatan Barbosa, o prejuízo em Mato Grosso do Sul é grande e não descarta a falta de carne para consumo.

“JBS e outros frigoríficos pararam. Não querem comprar”, afirmou o presidente da Acrissul, que apontou também para um possível desabastecimento do produto para o consumidor. “Havendo a suspensão da escala, não haverá comercialização, e se não houver, o povo não vai ter carne para comer", declarou. "Não tem ninguém dos frigoríficos que possa despachar carne para frente. Não tem como comprar, então interromperam para ver o que vira pela frente”, completou.

O setor é um dos mais fortes do Estado. Somente nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, a pecuária de Mato Grosso do Sul exportou 19.858.914 quilos de carne, aproximadamente US$ 78 milhões. Apesar de ser considerado forte, o escândalo já começou a impactar a economia, e o pecuarista diz enxergar um prejuízo ainda maior. “Isso encadeia todo mundo, o boi come milho, come soja e a agricultura também será prejudicada. E o boi que não pode ficar congelado, não pode ser vendido depois, vai emagrecer e o negócio não vai andar. Uma coisa vai levando a outra”, relatou.

Também nesta segunda-feira, a Coreia do Sul anunciou que temporariamente não irá importar frango do Brasil por tempo indeterminado. O número de plantas frigoríficas autorizadas ao abate de aves somam cinco em Mato Grosso do Sul. São elas a BR Foods de Dourados, a JBS em Sidrolândia e Caarapó, e a Frango Bello de Itaquiraí e Aparecida do Taboado. Diariamente são abatidas de 600 a 650 mil aves.

O pecuarista Décio Bardi Fonseca, que há 30 anos produz em Mato Grosso do Sul, lamentou o momento e lembrou que a situação lembra o caso da febre aftosa, que em 2005 levou o Estado a abater milhares de cabeça de gado. “Traz um reflexo ruim assim como ocorreu na época da Aftosa, porque desta vez o país ainda está atravessando uma crise”, analisou.

O pecuarista Francisco Maia lembrou que o país é um dos maiores competidores nacionais neste setor, e Mato Grosso do Sul se tornou um dos principais exportadores. Com a rejeição do produto devido a repercussão nacional, ele avalia que a operação pode “impactar severamente” a produção local. “Apesar de serem casos isolados, não tem como não nos afetar; foi colocado em vala comum os erros que são pontuais”, criticou.

A preocupação, segundo ele, é com a produção avícola e suína, que também deve ser afetadas, e com um porém, explicou. “A escala de abate foi reduzida em alguns frigoríficos e estes dois produtos tem tempo diferente do boi. O prejuízo vai ser maior”, alertou.

Maia alertou ainda para a abertura para os concorrentes, como Argentina, Uruguai, Austrália e Estados Unidos. “Conseguimos competir com estes países, melhoramos nossa tecnologia. Investimos em genética, diminuição de tempo de abate, e nisso nós ganhamos o mundo”.

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