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Caso PRF: MPE pede quebra de sigilo de perita após prova 'aparecer' em carro

Crime aconteceu no dia 31 de dezembro de 2016

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Cleber Gellio

O Ministério Público Estadual pediu a quebra de sigilo telefônico da perita criminal Karina Rébulla Laitart, nesta quinta-feira (11). Em depoimento a perita teria alegado ter desconfiança de que os flambadores encontrados no carro do empresário, no dia 4 de abril, teriam sido plantados.

No dia do depoimento, no dia 11 de abril, a perita afirmou ter várias conversas no aplicativo WhatsApp que podem comprovar seu relato. Segundo ela, logo após a descoberta dos flambadores no veículo do empresário, que estava no IC (Instituto de Criminalística “Hercílio Macellaro”), uma emissora de televisão teria ligado para fazer imagens complementares dos objetos. “Eu não estava de plantão, mas fui até o IC e encontrei os flambadores, se eu não tivesse lá, com certeza os objetos seriam filmados. Acho isso completamente estranho", disse ela no dia do depoimento.

Ainda durante depoimento, a servidora disse que o colega de trabalho, um perito criminal que não estava no caso, sempre teve muitas informações, que nem os profissionais que estavam no caso tinham conhecimento. Ele até teria dito que "é amigo pessoal do advogado do acusado", disse.

Em uma perícia feita no carro no dia 2 de abril, um perito criminal afirmou não ter visto os objetos no veículo. Os maçaricos teriam sido encontrados no dia 4 de abril depois que um colega de trabalho da perita criminal teria questionado o trajeto dos dois primeiros tiros, por meio de um grupo de WhatsApp. A perita responsável teria convidado o colega para ir até a caminhonete e discutir o suposto uso da técnica 'double tap' , um duplo toque no gatilho, momento em que os flambadores foram encontrados no assoalho do veículo.

O colega da servidora teria relatado que assim que a perita responsável visualizou os flambadores retirou os objetos, com as próprias mãos, do veículo e foi até a Coordenadoria Geral de Perícias.

Ele chegou a dizer que o achado foi 'abafado' pela direção do IC, por cerca de um mês. Segundo ele a diretora e o adjunto proibiram que o achado dos flambadores fosse colocado no laudo, mas por orientação do delegado-geral Marcelo Vargas, o procedimento teve continuidade.

Depoimento PRF

Durante depoimento, que aconteceu no dia 19 de abril, o policial Ricardo Moon afirmou ao juiz que a “identificação verbal já era suficiente” e que por este motivo, as vítimas deveriam deduzir e respeitar sua função.

“Não houve condições de apresentar a identificação naquele momento e em uma situação como essa a identificação verbal já basta, eu disse que era da polícia e deveriam deduzir que eu realmente era. Em dois anos como policial, o procedimento sempre foi esse, se identificou como polícia a pessoa tem que obedecer”, afirmou.

Ricardo disse ao juiz que não estava usando o uniforme da PRF por uma questão de segurança. De acordo com ele, a chamada ‘vestimenta sereia’, ou seja, metade fardado e metade à paisana, é um procedimento de praxe na corporação.

“É um procedimento de segurança para descaracterizar a farda e não chamar atenção quando estamos no trajeto de casa para o serviço ou vice e versa”, disse.

O crime

O PRF (Policial Rodoviário Federal) Ricardo Sun Moon assassinou na madrugada do dia 31 de dezembro de 2016, o empresário Adriano Correa depois de se envolver em uma briga de trânsito. Outras duas pessoas que estavam com ele no carro, Agnaldo Espinosa da Silva e o enteado de 17 anos ficaram feridos. O empresário morreu na hora. Moon alegou legítima defesa.

Segundo populares que testemunharam a briga, o motorista da Hilux, Adriano Correa, teria ‘fechado’ a Pajero e o policial então teria ficado irritado. “Vamos chamar a Polícia de Trânsito para resolver isso”, teria dito o ocupante da Hilux, segundo uma testemunha.

Ao tentar ir embora, o policial teria atirado várias vezes, ainda de dentro do carro, atingindo o motorista no pescoço e o adolescente nas pernas. Após ser atingido pelos tiros, Adriano perdeu o controle da camionete, que atingiu um poste. Com o impacto, o poste chegou a cair em cima do veículo.

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