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Defesa de assassinas diz que manicure levou tiro na cabeça ‘ao virar o rosto’

Só faltou dizer que a culpa da morte foi da vítima

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Renata Portela

Gabriela Nunes Santos de 21 anos que está em julgamento nesta quarta-feira (29), em Campo Grande, afirmou em seu depoimento que não tinha a intenção de assassinar Jennifer Nayara Guihermete de Moraes, de 22 anos, em janeiro do ano passado.

A acusada chorou durante seu depoimento e disse que só acertou a manicure com um tiro depois que ela ‘virou o rosto’ durante o disparo do revólver, que ela tinha levado para se defender das ameaças de morte de Jennifer pelo telefone.

Segundo Gabriela, elas teriam estudado juntas e trabalhado em um salão de cabeleireiro por alguns meses. Ela ainda afirmou que não teria sido sua ideia de levar a manicure para a cachoeira do Inferninho, e que a decisão foi tomada no meio do caminho. Gabriela disse que em 2010, sua mãe teria flagrado a manicure aos beijos com seu marido no banheiro da residência.

No dia do crime, a acusada falou que teria ligado para a manicure após flagrar uma troca de mensagens entre o marido dela e a vítima, que teriam combinado de ir a um motel. Ao ligar para Jennifer e ameaçar contar para todo mundo sobre a traição, a vítima teria pedido para que ela passasse na casa da cliente que estava atendendo para conversarem.

Depois de buscar a manicure, elas seguiram para a cachoeira onde Jennifer foi assassinada com a tiros e jogada do local. Ainda de acordo com as acusadas no dia do crime Jennifer não teria demonstrado medo.

A mãe de Jennifer foi ouvida pelo júri e disse que conhecia Gabriela há pelos menos cinco anos, mas que não conhecia Emily. No dia do assassinato estranhou a demora da filha para voltar para casa. Segundo ela ficou sabendo da morte de Jennifer no dia seguinte quando estava na delegacia de polícia atrás de informações da filha.

O julgamento deve acontecer até às 21 horas desta quarta-feira (29) e o júri é composto por cinco mulheres e um homem. A pena pode chegar de 12 a 30 anos de reclusão, mas caso seja provado que não houve a intenção de matar a pena vai de 1 a 3 anos de reclusão, segundo o juiz.

O crime

A manicure Jeniffer Nayara foi encontrada morta com dois tiros na cachoeira do Inferninho, em Campo Grande, no fim da tarde do dia 16 de janeiro de 2016. Segundo a mãe, ela estava desaparecida desde o da anterior, quando saiu para fazer as unhas de uma cliente e resolver um desentendimento.

Na tarde do dia 16, dia do homicídio, Gabriela relatou que passou no lava-jato do marido e pegou o Chevrolet Sonic de um cliente para ir até a academia, mas no caminho mudou de idéia e junto com a prima, uma adolescente de 17 anos, foi até a casa da Emilly para buscar uma máquina de cortar cabelo.

Segundo a jovem, foi aí que a amiga descobriu o caso e se propôs a ajudar na vingança, que seria raspar a cabeça da manicure. As duas suspeitas já haviam feito a mesma coisa com outra jovem, com quem o marido de Gabriela já havia se envolvido.

Elas buscaram a manicure e a levaram para a cachoeira do Inferninho, quando Jennyfer riu e ameaçou. “Você vai raspar minha cabeça? Cabelo cresce, mas você tá cavando sua cova”, falou a vítima se referindo ao marido, que conforme a jovem, se vingaria caso algo acontecesse à mulher.

Foi neste momento que Gabriela foi até o carro, pegou um revólver calibre 38 e ameaçou a vítima. Segundo Emily, a amiga deu dois tiros de advertência, pedindo para que a manicure se desculpasse, mas em vez disso ouviu a confirmação da traição e ainda provocações. “A Gabriela deu um tiro para o lado, a Jennyfer riu e falou ‘corna mãe, corna filha’. Então a Gabriela deu um tiro na cabeça dela”, descreveu Emily.

Depois do crime, as envolvidas afirmaram que a autora soltou a arma e correu para o carro, sem ver o que aconteceu com o corpo da manicure. Antes de sair do local, o trio ficou cerca de meia hora dentro do carro esperando a Gabriela se acalmar.

O revólver usado no crime, segundo a jovem, foi comprado pelo marido em outubro de 2015. O motivo, segundo ela, foi ameaças da família da travesti Adriana Penosa, cujo nome de batismo é Thiago da Silva Martins, assassinada por Alisson no dia 22 de março do ano passado.

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