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Lula é interrogado pela segunda vez na condição de réu por Sérgio Moro

O ex-presidente é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O MP Federal acusa Lula de receber da Odebrecht dois imóveis

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O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva é interrogado nesta quarta (13) na operação Lava-Jato, em Curitiba. É a segunda vez que Lula será ouvido na condição de réu pelo juiz Sérgio Moro.

Nesse processo, o ex-presidente aparece como réu por causa de dois imóveis comprados pela Odebrecht. Ele é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O Ministério Público Federal acusa Lula de receber da Odebrecht um apartamento vizinho ao dele, em São Bernardo do Campo, e um terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula, em São Paulo.

A obra nunca saiu do papel. Mas o terreno em São Paulo chegou a ser comprado pela construtora DAG, que segundo Marcelo Odebrecht, foi usada como laranja. Outro delator da Odebrecht, o ex-executivo Alexandrino Alencar, explicou em depoimento o motivo da compra do terreno. Veja mais detalhes da reportagem no vídeo acima.

Alexandrino disse que a construção só não foi feita porque o ex-presidente não gostou do terreno e apresentou outras propostas. Alexandrino também afirmou que o valor, mais de R$ 12 milhões, foi registrado ao lado da sigla IL, que identificava o Instituto Lula, em uma planilha do setor de propina da Odebrecht.

Na semana passada, o ex-ministro Antonio Palocci, contou ao juiz Sergio Moro que comentou com Lula sua preocupação sobre a compra do terreno.

O outro imóvel desta ação, o apartamento vizinho ao de Lula, foi avaliado em R$ 500 mil. O imóvel também é usado pelo ex-presidente. Na escritura aparece como dono Glaucos da Costa Marques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula. Havia até um contrato de locação de Glaucos com dona Marisa Letícia, que morreu em fevereiro. Mas os investigadores dizem que o documento era fictício, porque não foram encontradas provas do pagamento de aluguel até o início das investigações.

Além disso, a vendedora do imóvel declarou que soube que o apartamento seria para o ex-presidente e não para Glaucos. De acordo com a denúncia, o dinheiro que financiou a compra destes dois imóveis envolvidos na ação saiu do caixa geral de propinas da Odebrecht para o Partido dos Trabalhadores. O Ministério Público diz que a Odebrecht foi beneficiada em oito contratos com a Petrobras e que em troca, repassou R$ 75 milhões.

Segundo os procuradores, o dinheiro serviu não só para o enriquecimento ilícito dos envolvidos, mas para alcançar a governabilidade com base em práticas corruptas e perpetuação criminosa no poder.

Presença de Lula reúne caravanas a favor e protestos contra

As caravanas de apoio ao ex-presidente estão em Curitiba desde terça (12). Segundo a Polícia Rodoviária Federal, pelo menos 52 ônibus chegaram à cidade. Os organizadores dizem que são cerca de 5 mil pessoas de várias regiões do país.

Nesta quarta (13) de manhã, um grupo seguiu de ônibus e se concentrou perto do prédio da Justiça Federal, onde Lula vai prestar depoimento. O juiz Sergio Moro chegou mais cedo em uma caminhonete branca com escolta.

Mais tarde os manifestantes devem participar de um ato convocado por militantes do PT e centrais sindicais na Praça Generoso Marques, centro da cidade. Grupos que apoiam a operação Lava-Jato também organizaram um ato em frente ao museu Oscar Niemeyer, a 1,5km da Justiça Federal.

Com manifestantes em menor número dos dois lados, a Secretaria de Segurança do Paraná mobilizou mil e quinhentos agentes de segurança, entre PMs, policiais civis e guardas municipais, metade do eleftivo que foi mobilizado quando Lula foi interrogado pela primeira vez, no dia 10 de maio.

No primeiro depoimento, o ex-presidente viajou para Curitiba num jatinho emprestado. Dessa vez, veio pela estrada, de carro. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, Lula chegou a Curitiba na terça (12) à noite. Dispensou a escolta a que tinha direito e não informou onde ficou hospedado.

Outro lado

O Instituto Lula divulgou nota dizendo que nunca solicitou, nem teve a posse desse terreno. Admite que houve uma única visita ao imóvel, em 2011, mas alega que o terreno foi recusado.

Também em nota, a Odebrecht afirmou que colabora com a Justiça no Brasil e nos países em que atua, onde já reconheceu os seus erros e assinou vários acordos de leniência. A empresa DAG não se manifestou.

Nesse mesmo processo, o juiz Sérgio Moro determinou que a Polícia Federal faça uma perícia em dois sistemas de controle usados pelo departamento de propinas da Odebrecht.

A defesa de Lula queria ter acesso aos sistemas, mas o juiz negou, alegando que neles pode haver informações relevantes para outros processos.

O objetivo da perícia é saber se é possível garantir a autenticidade dos arquivos eletrônicos - e se há dados relacionados à ação, que trata do terreno para o Instituto Lula. Os peritos têm trinta dias para concluir o trabalho.

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