Buscar

Estado Islâmico recua ante dupla ofensiva em Raqqa e Mossul

Extremistas lançam ataques surpresa em Raqqa. Forças iraquianas aumentarem a pressão na periferia sul de Mossul.

Cb image default
Divulgação

As forças árabe-curdas apoiadas pelos Estados Unidos avançavam nesta segunda-feira (7) em direção a Raqqa, a "capital" do grupo Estado Islâmico (EI) na Síria, enquanto os extremistas perdiam no Iraque uma cidade-chave ao sul de Mossul.

Como no Iraque, os extremistas lançam ataques surpresa, muitas vezes usando carros-bomba para conter o avanço dos combatentes da operação "Revolta de Eufrates" na estrada de Raqqa.

Nesta região desértica no norte da Síria, as forças "avançaram cerca de 12 km a partir da localidade de Suluk (80 km ao norte de Raqqa) após violentos combates", indicou nesta segunda-feira à AFP a porta-voz da ofensiva, Jihan Sheikh Ahmad. "Nós conseguimos apreender armas" do EI "e matamos muitos dos seus combatentes", afirmou.

Combatentes também avançam a partir de Ayn Issa, 50 km ao norte de Raqqa, onde o combatente Chawakh Gharib está ansioso para liberar sua cidade natal dos "opressores" e "infiéis do EI". "O moral está muito bom", assegurou à AFP o jovem de 25 anos.

A operação "Revolta de Eufrates" mobiliza cerca de 30 mil combatentes das Forças Democráticas da Síria (FDS), uma aliança anti-Estado Islâmico dominada pelos curdos, mas que também inclui árabes e turcomanos.

A maioria dos combatentes envolvidos na ofensiva eram da província de Raqqa e se beneficiam de um apoio ativo da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, que enviou dezenas de conselheiros em terra.

Aviões americanos, franceses ou britânicos também desempenham um grande papel para eliminar veículos suspeitos e posições do EI.

"O EI envia carros-bomba, mas as aeronaves da coalizão e nossas armas anti-tanques limitam sua eficácia", comemora uma autoridade no comando da operação.

Prudência de Washington

Ao elogiar no domingo o início da ofensiva em Raqa, o secretário de Defesa americano, Ashton Carter, enfatizou que, "como em Mossul", "a batalha não será fácil e o trabalho que se apresenta será difícil".

O comando das forças americanas no Oriente Médio, o Centcom, explicou que a 1ª fase vai isolar a cidade de Raqqa, cortando as principais vias de comunicação com o exterior.

Washington é cauteloso sobre as consequências da operação devido ao seu contexto geopolítico particularmente sensível em um país mergulhado em uma guerra civil que envolve muitas potências estrangeiras, incluindo a Rússia e a Turquia.

Se Moscou se mantém na retaguarda, este não é o caso de Ancara, que quer se envolver na recuperação de Raqa, localizada a 100 km da fronteira com a Turquia.

Um porta-voz das FDS, Sello Talal, disse no domingo que seu grupo havia concordado com os Estados Unidos sobre o fato de que "não haverá nenhum papel turco e dos rebeldes aliados a eles na ofensiva" para retomar Raqqa.

Algumas horas mais tarde, no entanto, Washington afirmou estar em "contato próximo" com Ancara.

Avanço ao sul de Mossul

No Iraque, a ofensiva em Mossul entrou na sua quarta semana com um novo avanço das forças iraquianas na frente sul.

A Polícia Federal, o Exército e as forças de elite do Ministério do Interior tomaram nesta segunda-feira o controle da cidade de Hamam al-Alil, última grande cidade ao sul de Mossul, observaram jornalistas da AFP.

Esta reconquista abre caminho para as forças iraquianas aumentarem a pressão na periferia sul de Mossul, onde estão localizados o aeroporto internacional e uma importante base militar que o exército havia abandonado em junho de 2014, quando o EI assumiu o controle da segunda maior cidade do país.

A nordeste de Mossul, as forças curdas iraquianas, Peshmergas, lançaram nesta segunda-feira um ataque em Bachiqa, cidade localizada perto de uma base controversa, onde as tropas turcas estão implantadas, informou um comandante.

Ancara insiste em desempenhar um papel na ofensiva de Mossul, lançada em 17 de outubro, e conduz ataques de artilharia contra os extremistas a partir da base de Bachiqa.

Dentro de Mossul, as forças iraquianas continuam seu avanço nos distritos do leste, onde o EI resiste fortemente.

"Sete bairros já foram controlados pelas forças de contra-terrorismo, que estão eliminando os últimos bolsões de terroristas", informou à AFP Sabah al-Noman, porta-voz dessas forças.

O número de civis deslocados desde o início da ofensiva ultrapassa 34 mil, segundo um novo balanço estabelecido nesta segunda pelo Escritório Internacional das Migrações (OIM).

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.