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Dois funcionário da Santa Casa são presos por desobediência e omissão de socorro

Equipe do Corpo de Bombeiros relata que ficou 20 minutos esperando para entrar em pronto-socorro

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 Aviso de superlotação que foi afixado no portão do pronto-socorro; emergência está ‘fechada’ desde quinta-feira (3) (Foto: André Bittar)

Após 20 minutos de espera para fora Santa Casa de Campo Grande, a equipe do Corpo de Bombeiros, que havia socorrido um homem de 31 anos com múltiplas fraturas e sinais de estar sofrendo um choque hemorrágico, decidiu forçar a abertura do portão do pronto-socorro e prender dois funcionários do hospital por desobediência. É o que relataram à Polícia Civil os militares sobre na confusão na entrada da emergência, na noite deste sábado (5).

Consta no boletim de ocorrência que a Central de Regulação de Vagas determinou o envio do paciente para a Santa Casa.

Conforme informaram os bombeiros na delegacia, o homem tinha fraturas expostas na tíbia e fíbulas – ossos abaixo do joelho –, um dedo do pé direito amputado e trauma de tórax. Devido aos ferimentos, o paciente estava com “nível rebaixado de consciência” e sinais de que sofria um choque hemorrágico.

A equipe, formada por três militares, disse que apesar da gravidade do caso e de ter informado no portão do pronto-socorro – que está fechado desde quinta-feira (3) – a senha emitida pela regulação para a entrega do paciente, o porteiro não autorizou que a ambulância entrasse.

O funcionário teria dito que estava tentando confirmar a existência de vaga e também o encaminhamento da Central de Regulação.

Passados 20 minutos, o porteiro informou aos socorristas que o paciente não estava autorizado.

Bombeiros observaram que durante a espera o portão foi aberto para a entrada de outras duas ambulâncias e ao perceberem a piora do paciente, a equipe fez contato com o Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança) que determinou a entrada da equipe no hospital. A ordem era para salvar a vida do paciente.

Foi neste momento que os militares pediram apoio, deram voz de prisão ao porteiro e outro funcionário que interveio, pularam os portões e decidiram romper as travas para conseguirem acesso às rampa de acesso ao pronto-socorro por conta própria.

Só assim, a vítima finalmente foi atendida.

Na delegacia, os funcionários informaram apenas que receberem ordens para não permitir que nenhum paciente sem regulação de vagas entrasse pela emergência.

Sesau vai investigar a confusão que levou bombeiros a prender porteiros da Santa Casa

A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde investigará), em paralelo ao inquérito policial, vai investigar o que motivou socorristas do Corpo de Bombeiros a deter porteiros da Santa Casa de Campo Grande, na noite de ontem, sábado (5).

O coordenador de urgências da Sesau, Yaga Higa, confirmou ao Jornal Midiamax abertura de processo administrativo, a partir de segunda-feira (7), para investigar possíveis excessos.

“Não cabe trancar o portão e dar voz de prisão”, resumiu Higa, ressaltando relato do hospital de que o paciente estaria estável e com fratura no pé decorrente de acidente de trânsito.

Boletim de ocorrência, registrado pelos bombeiros, informou que estes foram impedidos de entrar no pronto socorro da Santa Casa por 20 minutos, enquanto mantinham na viatura um paciente politraumatizado, que segundo assessoria do hospital, não estava regulado para unidade, ou seja, não havia vaga para este atendimento específico.

Registro

A apuração pode estar limitada ao relato dos envolvidos, caso a regulação da vaga hospitalar tenha ocorrido via rádio. O dispositivo, neste caso, não permite gravar os diálogos.

Os dados de atendimento seriam registrados em livro físico que será requisitado pela secretaria para averiguação. Isso porque sistema de digital está instalado em 70% das unidades de saúde e o Corpo de Bombeiros opta por regular via rádio ao invés do telefone.

Para o coordenador de urgências, mudanças no registro atual são essenciais a fim de que se permita averiguar por meio de “gravações e auditorias possíveis erros”.

Prisão

Dois funcionários da Santa Casa foram presos, no sábado (5), por omissão de socorro e desobediência por não abrir portão do pronto socorro a viatura do Corpo de Bombeiros. O caso foi parar na polícia, uma vez que militar teria danificado estrutura para que ambulância entrasse com vítima de acidente de 31 anos. Equipe do hospital verificava senha de regulação.

Para a delegada plantonista da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro, Priscilla Anuda Quarti, os funcionários da Santa Casa alegaram que cumpriam ordens da direção do hospital. O jovem ferido, por sua vez, apresenta quadro clínico estável.

Todos os envolvidos foram ouvidos e liberados. A Santa Casa, por meio de sua assessoria de imprensa, ressaltou que pretende representar contra os militares por abuso de autoridade e depreciação do patrimônio, tendo em vista os danos causados ao portão da unidade.

Hospital adotou, na quarta-feira (2), restrição de acesso a paciente não regulados pelo município devido a superlotação. Faixas informam inexistência de vagas no pronto socorro, centro de terapia intensiva e alas de internação.

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