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Jovens sabem prevenir DSTs e gravidez, mas só 31% se protegem

Estudo revela que 38% dos entrevistados se informam pela internet

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Divulgação

A cada ano, aumentam os números de diagnósticos de DTSs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) pela falta do uso de preservativos. Dados do Ministério da Saúde apontam que 40 mil novos casos de DSTs, como HIV, sífilis e hepatites virais, são diagnosticados a cada ano. Além disso, apenas no Brasil, 30% das gestações acontecem sem planejamento, segundo o Instituto Oswaldo Cruz. Os dados evidenciam a falta de prevenção de gravidez e DTSs, apesar de a maioria dos jovens conhecer os métodos de proteção.

Pesquisa do Departamento de Ginecologia da Escola de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), com apoio da farmacêutica Bayer e divulgada na terça-feira (26), revela que 72% dos brasileiros acreditam que a responsabilidade pela contracepção e prevenção de DSTs é do casal. Porém, apenas 31% dos homens se previnem. O estudo ouviu 2 mil homens, com idades entre 15 e 25 anos, em Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília, Curitiba (PR), Goiânia (GO), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).

Embora as doenças e a gravidez sejam preocupação dos brasileiros, 73% dos entrevistados revelaram já ter feito sexo sem usar nenhum método contraceptivo, e isso começa cedo: 53% dos entrevistados tiveram a primeira relação sexual entre 13 e 16 anos.

A pesquisa também mostra que 48% afirmam preferir que suas parceiras tomem pílula anticoncepcional e apenas 24% são a favor de combinar o uso da camisinha com a pílula. Quando questionados sobre os motivos de não usarem camisinha, 16% responderam que “não queriam acabar com a diversão”, 12% afirmaram que não tinha camisinha na hora, 11% esqueceram de usar, 10% decidiram arriscar e 9% estavam alcoolizados ou sob uso de drogas.

Internet como educadora

Um aspecto decisivo apontado por especialistas para o grande índice de gravidez não planejada e no controle de DSTs é a falta de educação sexual. 38% dos entrevistados disseram se informar sobre sexo pela internet. Apenas 5% afirmam consultar profissionais de saúde para sanar suas dúvidas, afirma o ginecologista e professor da Unifesp Afonso Nazário.

— O maior problema de o jovem procurar informações sobre sexo na internet é a fonte. Alguém coloca qualquer coisa na internet e isso se torna verdade. Por isso, que tudo deve ser passado pela educação.

A maioria dos casos de gravidez não planejada acontece com adolescentes, explica a obstetra e ginecologista responsável pelo ambulatório de Ginecologia da Adolescência do Hospital das Clínicas de São Paulo, Albertina Duarte Takiuti. De acordo com o Ministério da Saúde, 305 mil brasileiras de 10 a 14 anos que tiveram filhos entre 2005 e 2015.

— A gravidez na adolescência não é resultado das escolhas deliberadas, mas da falta de opções. É uma consequência também do pouco ou de nenhum acesso a escolas, informações e serviços de saúde. Essa gravidez pode ser um divisor de águas na vida de uma criança.

O problema da gravidez não planejada não é exclusivo do Brasil. Esse tipo de gravidez é responsável por uma em cada duas gestações no mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Uma pesquisa da US National Library of Medicine (Livraria Nacional de Medicina dos EUA, em tradução livre) mostra que metade das gestações não planejadas no mundo acaba em aborto e, muitas vezes, em óbitos. Outros problemas comuns são incluem anemia, infecções pelo HIV e outras DSTs, hemorragia pós-parto e transtornos mentais, como depressão.

Albertina acredita que o quadro só será revertido se o uso do preservativo tem que ser questão de gênero e de empoderamento da mulher.

— Tem que ser muito mulher para dizer para o companheiro que só transa com camisinha. Isso exige muito dela. E o homem tem que se sentir ridículo se não usar camisinha. Nos anos 1970, eu via DSTS em profissionais do sexo. Hoje, eu vejo as mesmas doenças em adolescentes, e isso me deixa muito triste.

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