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Ricardo Bacha: "E aí resolveram a questão?"

Ricardo é produtor rural em Sidrolândia

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Divulgação

E aí resolveram a questão? Te pagaram? E você não vai mais lá?

Essas perguntas são constantes em todos os locais por onde passo. Se referem à invasão indígena da Fazenda Buriti, em Sidrolândia, em maio de 2013. Esbulho feito, trator queimado, gado roubado, casa queimada, índio morto. Corrida de ministros para cá e, para apaziguar os ânimos, a promessa: fiquem tranquilos, a União vai comprar a área.

Passados quase quatro anos, nada se efetivou. Os índios estão ocupando áreas que não lhes pertencem e nós, legítimos proprietários, lutando na Justiça Federal para que a União pague o justo valor pelas terras surrupiadas com o apoio da Funai e de Ongs acessórias.

Esse é um pequeno retrato do Brasil contemporâneo. Nada funciona como deveria e a indispensável segurança jurídica foi pro beleléu. A esperança é que a população indignada, já não suportando os desmandos contumazes que se tornaram regra na nossa república, tome para si, como tem feito a partir de junho de 2013, a responsabilidade de exigir mudanças efetivas e concretas nos rumos dos nossos destinos.

Os poderes só têm reagido a pressões e a pautas emergenciais. Reagido a pressões de corporações e de grupos de interesses como tem ocorrido nos últimos anos. Reagido dando respostas imediatas e paliativas, portanto ineficazes, postergando as soluções estruturais que há muito nos afligem. Hoje a pauta-pressão é a questão dos presídios e mais uma vez a solução vai ser midiática, até aparecer outro fato relevante que chame a atenção da sociedade. A mídia divulgará, com a ênfase de costume, e a questão penitenciária será relegada e esquecida. Foi assim com a questão indígena e com tantas outras mais.

Aprofundar a democracia significa em última análise, fazer com que as instituições cumpram seus papéis e de maneira transparente, no seu cotidiano. Que o legislativo legisle e o judiciário julgue. Que as corporações, em defesa das suas prerrogativas, não atrapalhem os legítimos interesses do conjunto da sociedade. Que os interesses nacionais sejam o vetor que norteia a ação pública, mesmo diante do mundo hoje globalizado. A nação precisa se respeitar, ter auto-estima, captar e desenvolver a noção de cidadania.

A questão do Buriti é apenas um grão de areia no deserto dos problemas nacionais, mas precisa ser enfrentada e resolvida pelo poder público. Assim como a questão indígena no seu conjunto. Demarcar as terras que efetivamente pertençam aos índios e impedir o aproveitamento oportunista que vise interesses supra-nacionais é o mínimo que se espera. Pagar os fazendeiros arrancados de suas propriedades, é questão de justiça.

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