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Após acidente de Cristiano Araújo, lojistas alertam para riscos das rodas do Paraguai

Rodas da Ásia importadas na fronteira são mais baratas. Serão seguras?

Venda de rodas sem selo do Inmetro não é permitida no país (Foto: Aline Machado)

Enquanto a perícia analisa se a troca das rodas originais tem algo a ver com o acidente automobilístico que matou o cantor sertanejo Cristiano Araújo e a namorada dele, na última quarta-feira (24), em Campo Grande comerciantes e donos de veículos se preocupam com os riscos do uso de jogos de rodas paralelas que são trazidas do Paraguai e vendidas livremente na Capital de MS.

A maioria é fabricada na Asia e não tem homologação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). Mesmo assim, com a fronteira a menos de 350 quilômetros, muitos campo-grandenses inclusive vão até lojas do lado paraguaio e compram os acessórios diretamente no país vizinho.

Os preços chegam a ser a metade dos praticados no Brasil. Um jogo nacional, de 14 polegadas, por exemplo, custa entre R$ 1.200,00 e R$ 1.400,00. Já o paralelo pode ser encontrado por R$ 600,00 a R$ 800,00. Em Pedro Juan Caballero, a diferença pode aumentar.

Na Capital sul-mato-grossense, muitas lojas e borracharias vendem os rodados trazidos do Paraguai com algum lucro, mas ainda mais baratos do que os nacionais. Mas, nem mesmo quem trabalha na área, tem muita certeza de que a qualidade seja a mesma.

O alinhador e balanceador, Elizeu Candido, garante que existe diferença no material usado na fabricação, o que segundo ele diminui a qualidade das rodas paralelas. “Elas são ruins até para fazer o balanceamento e não tem como consertar, caso chegue a trincar porque são muito ressacadas”, afirma.

Aldenésio Segatto, dono de uma loja especializada, também não recomenda o uso de paralelas. “As rodas nacionais passam por testes de qualidade e têm garantia, já as outras não têm a mesma qualidade porque não são fabricadas de acordo com o peso do veículo e a velocidade que ele pode atingir”, justifica.

Por outro lado, o comerciante Hélio Alves, de 45 anos, que reconhece a diferença na fabricação garante que não há diferença na segurança oferecida. “O cubo das rodas chinesas não seguem uma medida específica e acaba ficando um pouco frouxo. Já o das nacionais é de acordo com cada fabricante e por isso a roda fica mais justa, mas se bater é a mesma coisa”, assegura.

O comerciante diz ainda que não há fiscalização rígida quanto à comercialização de rodas paralelas. “As rodas chinesas não podem ser vendidas no país, porque elas não têm o selo do Inmetro, mas também não tem uma fiscalização rígida a respeito disso”, ressalta.

Em virtude da comercialização ilegal, não há estimativa da quantidade de rodas paralelas vendidas em Mato Grosso do Sul. No entanto, o uso das rodas que não forem as originais vendidas pelo fabricante com o automóvel precisa de autorização do Detran-MS. Elas devem ter as mesmas medidas das usadas pela fábrica.

Quando são maiores ou mais largas, que são as mais procuradas, elas alteram as características originais do veículo e podem render até multa, caso não sejam legalizadas mediante processo no Detran-MS que inclui vistoria. Conduzir o veículo com a característica alterada gera infração grave, com cinco pontos na CNH e multa no valor de R$ 127,69.

Rodas maiores alteram, por exemplo, a marcação da velocidade do carro no velocímetro do painel de instrumentos.

Vale lembrar que, de acordo com a Resolução 292 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), Artigo 8º, é proibido usar rodas ou pneus que ultrapassem os limites externos dos para-lamas dianteiros e traseiros do veículo; o aumento ou diminuição do diâmetro externo do conjunto pneu mais roda.

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