Dólar fecha em queda de 0,74%, a R$ 2,373, menor valor em quase um mês

O dólar comercial fechou em baixa pelo segundo dia consecutivo nesta quinta-feira (20), com desvalorização de 0,74%, cotado a R$ 2,3727 na venda. É o menor valor desde 22 de janeiro, quando a moeda norte-americana encerrou o dia a R$ 2,3725.

A queda do dólar no Brasil seguiu o desempenho mais fraco da moeda no exterior. No contexto nacional, entradas de dólar no país e o anúncio feito pelo governo sobre corte no Orçamento influenciaram o resultado.

O governo anunciou um corte de R$ 44 bilhões no Orçamento Geral da União deste ano. A meta de economia para pagar juros da dívida (o chamado superavit primário) foi fixada em R$ 99 bilhões, equivalente a 1,9% do PIB (Produto Interno Bruto). 

Segundo analistas, o mercado reagiu bem a esse anúncio, vendo um esforço das autoridades para recuperar a credibilidade.

De acordo com um estrategista entrevistado pelo jornal Valor Econômico, o fato de o governo ter anunciado uma estimativa abaixo dos 2,5% estimados no Decreto de Programação Orçamentária é um sinal de que o governo tem ciência das limitações. E é isso que o mercado espera do governo: alguma transparência.

Ainda assim, investidores ressalvam que é provável que, ao longo do ano, as metas efetivas fiquem abaixo das anunciadas nesta quinta, devido ao período eleitoral e à desaceleração da economia.

Mas o que o mercado vai monitorar é o uso da chamada contabilidade criativa para garantir os números até o fim do ano. Contabilidade criativa seria uma maquiagem das contas, uma manipulação de números, feita dentro das regras da contabilidade, que alcance um resultado mais favorável ao governo.

Se o governo conseguir fazer 1,5% de superavit primário e efetivar o corte de R$ 25 bilhões ou R$ 30 bilhões sem o usar truques fiscais, já vai ser algo positivo, disse um economista ao Valor.

As atuações do Banco Central brasileiro também influenciaram o resultado do dólar. O BC manteve seu programa de intervenções diárias no câmbio, com as novas regras anunciadas em dezembro.  

Agora, em vez de 10 mil contratos de swap cambial tradicional (que equivalem à venda de dólares no mercado futuro), são ofertados 4.000 contratos diariamente.

Nesta quinta, o BC vendeu todos os contratos ofertados: 500 têm vencimento em 1º de agosto e 3.500, em 1º de dezembro deste ano. A operação movimentou US$ 197,6 milhões. 

O Banco Central realizou, nesta quinta-feira, mais um leilão para rolar os contratos de dólar que vencem em 5 de março.

Foram vendidos 10,5 mil contratos de swap cambial tradicional (equivalentes a venda futura de dólares) com vencimento em 2 de janeiro de 2015. O BC também ofertou swaps para 1º de outubro deste ano, mas não vendeu nenhum. A operação movimentou US$ 516,7 milhões.

No total, o BC já rolou o equivalente a US$ 5,679 bilhões, ou cerca de 77% do lote total que vence no próximo mês, que corresponde a US$ 7,378 bilhões.