O dólar saltava mais de 1 por cento e se aproximava de 3,90 reais nesta quinta-feira, refletindo a preocupação dos investidores com o comprometimento do governo brasileiro com o reequilíbrio das contas públicas, enquanto esperavam a decisão do Federal Reserve, banco central norte-americano, nesta tarde.
Às 10:19, o dólar avançava 1,50 por cento, a 3,8917 reais na venda, perto da máxima da sessão, de 3,8982 reais.
Há muito ruído no cenário local. Isso acaba com qualquer fundamento do mercado, disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
Notícia publicada no jornal Valor Econômico nesta manhã traz que o Instituto Lula e o PT estariam defendendo a flexibilização das políticas fiscal e monetária. Isso implicaria a redução da taxa de juros na marra e o afrouxamento do gasto público, e somente seria viabilizado com a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
Investidores avaliavam que esse cenário poderia precipitar a perda do selo de bom pagador brasileiro por outras agências de classificação de risco além da Standard & Poors, provocando fuga de capital do país.
Além disso, a crise política cada vez mais intensa fazia investidores adotarem posturas ainda mais defensivas.
No cenário externo, a decisão do Fed, que será divulgada às 15h (horário de Brasília), ocupava o centro das atenções, em meio a incertezas sobre a possibilidade de o banco central norte-americano promover a primeira alta de juros em uma década.
Os juros futuros nos Estados Unidos apontavam chance de apenas 25 por cento de o Fed elevar a taxa, enquanto uma ligeira maioria dos economistas consultados em pesquisa Reuters prevê a manutenção dos juros.
Juros mais altos nos EUA podem atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em países como o Brasil, amplificando o efeito das incertezas locais. Se o Fed subir juros, vai ser uma tempestade mais que perfeita, disse o operador de uma gestora de recursos nacional.
Pela manhã, o Banco Central dará continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em outubro, com oferta de até 9,45 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares.
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