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Dólares voltam a entrar no país na parcial de setembro

No acumulado no mês até o dia 18, US$ 383 milhões entraram no Brasil.Entrada de recursos das exportações gerou movimento positivo, mostra BC.

Os dólares voltaram a ingressar na economia brasileira na semana passada, depois da saída de recursos registrada no início de setembro. Segundo informações divulgadas pelo Banco Central nesta terça-feira (22), US$ 900 milhões entraram no Brasil na última semana.

Com isso, o movimento parcial de setembro, que estava no vermelho, passou a registrar entrada líquida de divisas (acima do volume de retiradas). No acumulado deste mês, até a última sexta-feira (18), foi contabilizado o ingresso de US$ 383 milhões no Brasil, informou a autoridade monetária.

Do movimento parcial deste mês, US$ 976 milhões entraram no Brasil por conta das operações da balança comercial, enquanto que o fluxo financeiro (demais operações, como investimentos estrangeiros diretos, recursos para aplicações financeiras, além das remessas de lucros e dividendos e empréstimos tomados no exterior) registrou saída de US$ 593 milhões na parcial deste mês.

No acumulado de 2015, até 18 de setembro, foi contabilizada a entrada de dólares na economia brasileira. Neste período, o ingresso de recursos no país somou US$ 11,65 bilhões, segundo números da autoridade monetária.

Impacto no dólarA entrada de recursos favoreceria, em tese, a queda do dólar. Com menos moeda norte-americana no mercado, seu preço tenderia, teoricamente, a ficar maior. No fim do mês passado, a moeda norte-americana estava cotada a R$ 3,62. Nesta quarta-feira (16), por volta das 12h50, estava sendo negociada acima de R$ 4 - algo sem precedentes. 

Além do fluxo de recursos, outros fatores também influenciam a cotação do dólar no Brasil. Entre elas, estão as sinalizações sobre a política de juros dos Estados Unidos, os indicadores da economia brasileira – que registraram desempenho ruim em 2014 e na parcial deste ano – além de tensões políticas e notas das agências de classificação de risco.

Também influenciam o patamar do dólar no Brasil as declarações de integrantes da equipe econômica e a oferta de contratos de swap cambial (que funcionam como venda de dólares no mercado futuro) pelo BC brasileiro, entre outros fatores.

O BC observa que o dólar responde a vários fatores, tais como as percepções e expectativas sobre a economia, além das incertezas presentes. Também varia de acordo com fatores externos, como a percepção do mercado que a economia chinesa está desacelerando mais.

Retirada de estímulos nos EUANos Estados Unidos, a expectativa dos analistas é de continuidade da retirada de estímulos à economia, que começa a dar sinais de recuperação. Em 2015, a previsão é de que pode haver até mesmo aumento de juros nos Estados Unidos.

Juros mais altos nos EUA poderiam atrair para o país recursos aplicados atualmente em outros mercados, como o Brasil, motivando uma tendência de valorização do dólar frente a moedas como o real.

O Banco Mundial já alertou que um aumento dos juros nos EUA pode estimular uma tempestade que afetaria o crescimento e a estabilidade financeira nas economias em desenvolvimento.

Indicadores da economia brasileira e tensão políticaOs indicadores da economia brasileira, que pioraram nos últimos anos e os fracos resultados dos últimos meses, também impactam a cotação do dólar no Brasil.

No caso das contas públicas, o déficit nominal (após a contabilização dos juros da dívida pública) chegou a quase 9% do PIB em 12 meses até julho – acima de boa parte dos países emergentes.

Recentemente, o governo a proposta de orçamento federal para 2016 contemplando, pela primeira vez, um déficit (despesas maiores do que receitas), no valor de R$ 30,5 bilhões, o que foi mal recebido por analistas e contribuiu para aumentar as tensões nos mercados.

Além disso, o clima de tensão no Congresso Nacional, e nas ruas, também não colabora para a queda do preço da moeda norte-americana, assim como o rebaixamento da nota do país pela agência de classificação de risco Standard and Poor´s, que retirou o grau de investimento do Brasil.

Swaps cambiaisOutro fator que influencia a cotação do dólar é a decisão do Banco Central de não renovar o programa de oferta diária de swaps cambiais (que funcionam como uma venda futura de dólares), que venceu no dia 31 de março. O programa vigorava desde agosto de 2013.

O Banco Central, no entanto, informou que está renovando os contratos que vencem a partir de 1º de maio, levando em consideração a demanda pelo instrumento e as condições de mercado. Segundo a instituição, os leilões de venda de dólares com compromisso de recompra continuarão a ser realizados em função das condições de liquidez do mercado de câmbio. Neste mês, o BC voltou a renovar integralmente os vencimentos.

Os swaps cambiais são contratos para troca de riscos. O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do investidor a variação do dólar no mesmo período.

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