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Estudo brasileiro associa a amamentação ao QI na vida adulta

Pesquisa com 3 500 recém-nascidos gaúchos revelou que aqueles amamentados por mais de um ano tinham maior QI e, consequentemente, mais escolaridade e renda aos 30 anos do que aqueles que mamaram menos tempo.

Crianças amamentadas por mais de um ano têm, na vida adulta, maior QI, escolaridade e renda do que aqueles que não completaram um mês de alimentação com leite materno. A revelação é de uma pesquisa da Universidade Federal de Pelotas e da Universidade Católica de Pelotas feita com quase 3 500 recém-nascidos acompanhados por 30 anos.

Já sabíamos que a amamentação auxiliava no desenvolvimento da inteligência. Esse trabalho traz as primeiras evidências dos efeitos práticos desse benefício, afirmou o professor Cesar Victora, um dos líderes da pesquisa publicada na quarta-feira no periódico The Lancet Global Health. Havia dúvidas se o efeito da amamentação sobre a inteligência e o desenvolvimento cerebral alcançaria a vida adulta. Os resultados dos estudos mostram que sim, disse Bernardo Hortas, que divide a coordenação do estudo.

Os pesquisadores analisaram dados de todos os nascidos em 1982 nas maternidades na cidade gaúcha de Pelotas. Em 2012, 68% deles (3 493) aceitaram ser entrevistados pelos cientistas. Deste universo, havia pessoas de todas as classes sociais. Estudos em países desenvolvidos muitas vezes são criticados por não conseguirem separar [os participantes] de forma socioeconômica, disse Hortas. Nosso estudo faz isso pela primeira vez.

Resultado - Os voluntários foram divididos em cinco grupos, de acordo com a duração do aleitamento: menos em 1 mês; de 1 a 2,9 meses; de 3 a 5,9 meses; de 6 a 11,9 meses; mais de 1 ano. Testes de QI e questões sobre renda e escolaridade dos participantes revelaram que, quanto mais longa a amamentação, maior o QI, a renda e a escolaridade dos indivíduos. Em relação aos dois extremos, os que mamaram por mais de um ano tinham escolaridade 10% maior e renda 33% superior do que aqueles amamentados por menos de um mês.

 A diferença de QI era de 3 pontos.

Os pesquisadores atribuem os resultados a uma combinação de fatores. Um dos mecanismos que provavelmente exercem grande influência no maior desenvolvimento da inteligência é a presença de ácidos graxos saturados de cadeia longa no leite materno. É essencial para o desenvolvimento dos neurônios, disse Hortas. Mas há outros pontos importantes, como o vínculo entre a mãe e a criança, fortalecido durante a amamentação. Cesar Victora apontou também a necessidade de se avaliar o impacto do leite materno na ativação de genes.

Qual a posição correta em que o bebê deve ficar?

É fundamental que a cabeça, o tronco e o quadril da criança estejam alinhados. A barriga do bebê deve sempre estar voltada para o corpo da mãe e a cabeça, um pouco mais alta do que os pés. Se o pescoço estiver torto ou virado, o bebê pode engasgar, porque não consegue engolir direito, explica Mônica Pessoto, da Unicamp. A boca da criança deve ainda estar bem aberta, com o lábio inferior virado para baixo e o queixo encostado no peito da mãe.

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