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Garis decidem manter greve em nova assembleia no Rio

Paes havia anunciado escolta armada para garis a partir desta quinta (6).Ruas da cidade continuam sujas em diversos bairros.

Os garis decidiram manter a greve no Rio de Janeiro em assembleia realizada na manhã desta quinta-feira (6), na Rua Major Ávila, na Tijuca, Zona Norte da cidade. Apesar da decisão, o presidente da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb), Vinicius Roriz, afirmou também nesta quinta que a paralisação pode ser considerada terminada, já que o movimento é causado por grupos que discordam.

Por volta das 12h, cerca de 200 garis grevistas saíram em passeata e ocuparam a Avenida Maracanã, na pista sentido Centro. A coleta de lixo na cidade está irregular desde sábado (1º), quando um grupo de garis resolveu cruzar os braços. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, anunciou na quarta-feira (5) que uma escolta armada garantiria o trabalho de garis que não aderiram à paralisação a partir desta quinta.

Em entrevista coletiva no Centro de Operações do Rio, Roriz afirmou que a paralisação não pode ser considerada uma greve porque não foi delegada pelo sindicato. Ele ainda disse que pretende regularizar a situação do lixo na cidade até o fim de semana.

Roriz declarou ainda que as 300 demissões que havia assinado no início desta semana para os garis que não compareceram ao trabalho foram revogadas e que as faltas dos trabalhadores serão abonadas. Se dessas 300 pessoas, daqui em diante, alguém continuar com essa irresponsabilidade, não poderá ficar inconsequente. Se abandonar o emprego, terá algum tipo de consequência, disse.

Lixo na cidadeApesar da Prefeitura do Rio afirmar que um pequeno grupo de garis participa do movimento, diversos bairros da cidade permaneciam com grande quantidade de lixo espalhado pelas ruas até as 12h. As lixeiras na região da Praça Saens Peña, na Tijuca, Zona Norte, estavam abarrotadas.

Na Praça da Bandeira, a população queimou entulho para conter o mau cheiro. Era possível ver montanhas de lixo e larvas no chorume acumulado no meio fio. Perto do Morro da Mangueira, a combinação de lixo acumulado e bueiros vazando tornava a situação ainda pior. Até as 11h, não foi possível ver garis fazendo coleta de lixo nessa região.

Na Rua Sotero Reis, na Praça da Bandeira, nem o aviso Não jogue lixo aqui impediu que a via ficasse suja, sem coleta. A mesma situação foi encontrada próximo aos Arcos da Lapa, um dos cartões-postais do Rio, na Região Central.

Na Tijuca, a situação ainda era crítica. Em outras ruas do bairro, montanhas de lixo impediam a circulação nas calçadas. Na Rua dos Araújos, em um intervalo de 50 metros havia pelo menos três focos de lixo. Para piorar a situação, móveis velhos foram depositados e se misturavam ao detrito. A recomendação é que moradores acondicionem o lixo dentro de casa, em sacos plásticos, para não agravar a situação nas ruas.

revistas negam motivação políticaEm entrevista nesta quarta, o vice-presidente do Sindicato de Empresas de Asseio e Conservação do Estado do Rio, Antônio Carlos da Silva, falou que há pessoas ligadas a partidos políticos no movimento grevista. Célio Viana, um dos representantes dos garis em greve no Rio de Janeiro, confirmou nesta quinta que é filiado ao Partido da Republica (PR), mas negou qualquer apoio do partido político ao movimento.

Eu fui candidato a vereador e não me desfiliei ao partido, mas isso aqui não tem nada a ver com política, com eleição, tem a ver com salário. O partido não me dá dinheiro, não paga meu salário. Quem paga é a Comlurb, afirmou.

Célio disse que já se candidatou a vereador pelo PR, mas que não tem intenção de se candidatar e que foi desgastante. O representante disse que não vê o presidente do PR, Anthony Garotinho, há mais de 2 anos e que o apoio recebido vem de outras categorias de servidores. Recebemos ajuda para fazer os prospectos do sindicato dos petroleiros, da educação e dos enfermeiros federais, disse.

ImpasseEm Botafogo, na Zona Sul,  guardas municipais realizavam a escolta de profissionais de limpeza desde a madrugada. Durante entrevista coletiva na quarta, Paes afirmou várias vezes que a maioria dos garis compareceu ao trabalho durante o carnaval, mas foi impedida de trabalhar por delinquentes, inclusive grupos armados.

“Não estou preocupado com Copa do Mundo. Estou preocupado com a limpeza da minha cidade. É muito mais difícil fazer o carnaval do Rio que a Copa do Mundo.Os lugares que tiveram maior sujeira foram exatamente onde passaram os blocos. Não me preocupa com o que os turistas estão pensando, estou preocupado com os cariocas”, disse Paes.

Na segunda (3), a prefeitura fez um acordo com a categoria e anunciou um aumento de 9% no salário dos garis, que junto com o adicional de insalubridade chegaria a R$1224,70. No entanto, o grupo de funcionários que vem realizando essas paralisações pede um aumento de 40% no adicional de insalubridade e um salário base de R$1.200. No total, a remuneração chegaria a mais de R$1.600.

A paralisação realizada por parte dos garis da Comlurb não tem apoio do sindicato municipal, que negou ter paralisado o serviço de coleta de lixo. O sindicato atribuiu a um grupo sem representatividade a propagação de rumores de ameaça de paralisação.

Garis que não aderiram à paralisação chegaram a relatar ameaças por parte dos grevistas. Na quarta-feira, um gari foi preso por lesão corporal contra um gerente da Comlurb.

Multa de R$ 50 milUma decisão da Justiça do Trabalho divulgada nesta quarta-feira determinou que a multa para o sindicato dos garis passou para R$ 50 mil para cada dia de descumprimento do acordo que estabelece volta imediata da coleta de lixo na cidade. Segundo a Comlurb, foi estabelecido ainda que os garis que não aderiram à paralisação não podem ser impedidos de trabalhar.

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