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Governo do RJ pede ajuda federal contra ataques em áreas pacificadas

Confrontos aconteceram em três áreas com UPPs.O comandante de uma UPP e um policial ficaram feridos.

O governo do Rio de Janeiro traçou um plano de emergência para responder a onda de violência contra as forças policiais no estado. Na noite de quinta-feira (20), houve confrontos em três áreas com Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), em três bairros diferentes. O comandante de uma UPP e um policial ficaram feridos.

Nesta manhã, a praça onde ficavam as bases da UPP na Favela do Mandela, em Manguinhos, subúrbio do Rio de Janeiro, estava destruída. O policiamento foi reforçado e PMs retiraram um dos cinco contêineres incendiados nos ataques.

Os técnicos da companhia de energia elétrica fizeram reparos na rede, que também foi atingida pelo fogo. Alguns tiros acertaram transformadores e parte da comunidade ficou sem luz. Quase quatro mil alunos ficaram sem aulas em quatro escolas e três creches.

A versão oficial é que a ofensiva aconteceu depois da desocupação de um prédio invadido na favela. Os PMs foram chamados para conter o tumulto, um grupo atirou pedras no carro da PM e acertou um policial. Outro grupo fechou uma das principais avenidas da região.

Traficantes armados aproveitaram a confusão para agir e houve troca de tiros e a circulação de trens no ramal que passa perto da favela foi suspensa. O comandante da UPP de Manguinhos, capitão Gabriel Toledo, foi atingido por um tiro na coxa.

Fontes da polícia dão outra versão para a origem dos ataques: os bandidos saíram em três vans da favela Vila Kennedy, na Zona Oeste, que foi ocupada recentemente pela polícia, para se juntar a traficantes de outra comunidade. Esse grupo queria invadir o Morro dos Macacos, na Zona Norte, dominado por uma facção rival.

Quando o comboio dos traficantes passava pelo complexo de Manguinhos, cruzou com policiais e aí começou o tiroteio. Além de Manguinhos, houve ataques ainda em outras duas áreas com Unidades de Polícia Pacificadora. Na Zona Norte, a UPP Camarista Méier foi atingida por tiros e um ônibus foi incendiado.

Vieram vários elementos, invadiram o ônibus e começaram a jogar gasolina para dentro do ônibus. Eu imediatamente abri as portas, mandei os passageiros descerem e sair do ônibus, quando a chama já começou a subir em alta proporção, conta uma testemunha que não quer se identificar.

No Complexo do Alemão, os bandidos e os policiais entraram em confronto, um traficante ficou ferido e ninguém foi preso.

Os ataques deixaram o Rio de Janeiro em alerta. A Secretaria de Segurança recebeu informações de que traficantes estariam preparando uma nova ofensiva contra as forças policiais e traçou um plano de resposta para proteger a cidade.

A decisão foi tomada em uma reunião de emergência convocada pelo governo do estado pouco depois do primeiro ataque. Foram mais de duas horas de discussão sobre o que fazer depois dos novos episódios de violência em UPPs.

O secretário de segurança, José Mariano Beltrame, confirmou que a ordem para os ataques partiu de uma facção do tráfico: “Nós estamos todos em prontidão, com folga diminuída, ocupando espaços na cidade para evitar que haja qualquer tipo de ameaça ao cidadão carioca. Nós estamos com força total nas ruas do Rio de Janeiro”.

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, decidiu pedir ajuda do Governo Federal: “Nessa hora, nós não temos nenhum constrangimento, como já não tivemos no passado, de solicitar o apoio de forças federais para nos apoiar. Mas será uma coisa absolutamente objetiva, de ação de forças que já trabalharam juntas aqui, para o bem comum, para garantir à população tranquilidade, segurança e mostrar à população que a gente não se intimida com essas tentativas de enfraquecer a nossa política de segurança”.

Em reunião, Sergio Cabral detalhou para a presidente Dilma Rousseff a situação no estado após os ataques. A expectativa é que nessas conversas da cúpula da segurança do Rio de Janeiro com o Governo Federal sejam acertados os detalhes sobre o envio das tropas: quantos homens serão deslocados, quanto tempo vão permanecer no estado e como vão ser distribuídos.

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