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Me levaram à força e me algemaram, diz aluno detido em ato na Dr. Arnaldo

Quatro estudantes foram levados ao 23º DP após interdição de via.Pai apoia filho: Problema não é a polícia, mas a Secretaria da Educação.

Estudante é detido por policiais militares durante protesto de alunos na Avenida Doutor Arnaldo (Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo)

O estudante Francisco Musatti Braga, de 16 anos, foi liberado no início da tarde desta quarta-feira (23) depois de prestar depoimento no 23º Distrito Policial, em Perdizes, Zona Oeste de São Paulo. Ele foi um dos quatro estudantes apreendidos pela Polícia Militar durante protesto pela manhã na Avenida Doutor Arnaldo. Os alunos fizeram ato contra a reorganização da rede estadual de ensino, colocaram cadeiras e interditaram a via. Foram retirados à força pela PM.

Me levaram à força, me algemaram, me botaram no camburão e tentaram usar bastante da violência, disse Musatti. O pai dele, o corretor de imóveis Luis Braga foi ao DP acompanhar a liberação do filho. Ele disse que apoia totalmente a ação de Francisco e dos outros jovens.

Eu apoio primeiro a forma quando estão lutando, porque não estão fazendo nada desrespeitoso, não estão depredando patrimônio, não estão sendo racistas, machistas, homofóbicos, tudo coisa que eu não aprovaria, disse Braga. Aprovo a causa também pela qual eles estão lutando.

Musatti disse que estuda na Etec São Paulo, escola técnica que não faz parte do processo de reorganização escolar.

O pai do estudante disse ainda que não está preocupado com a passagem do filho pela polícia (isso se resolve no campo jurídico), mas com o rumo com o qual a questão da reorganização escolar está tomando. O principal problema não é com a polícia, mas com a Secretaria de Educação, que deixou claro que vai usar de expedientes que não são legais para reintegrar as escolas, afirmou Braga.

O Tribunal de Justiça já disse que tem de ser resolvido no diálogo. Meu medo é que a coisa fuja do âmbito do diálogo, aliás, já fugiu.

O corretor disse ainda que não vai impedir seu filho de participar de novos protestos. É um rapaz de 16 anos que tem toda uma formação e uma cabeça muito boa, e a quem eu respeito, não vou obrigá-lo a ficar em casa porque o governo está me amedrontando.

Braga disse ainda que tem muito medo que aconteça algo de uma forma muito ilegal. Como aconteceu na escola de Osasco que tiraram as crianças e um grupo entrou e depredou a escola.

O professor Pedro Ramos de Toledo foi à delegacia apoiar os alunos apreendidos. Ele criticou a postura do governo do estado. Temos um govenador que trata questão da educação como questão de polícia. Trata com repressão direito de ter educação pública de qualidade e de estudar na escola deles. Alunos estão sendo tratados como criminosos, bandidos, como presidiários, onde podem ser removidos para qualquer presídio, disse Toledo.

Não é uma luta minha, é dos estudantes. Não tem partido, não tem sindicato, são jovens que estão se juntando contra a destruição da escola pública, que eles vivem diariamente.

Os outros três jovens seguiam na delegacia no meio da tarde desta quarta-feira.

Alckmin diz que ato é político

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que há motivação política por trás dos protestos de estudantes nas ruas da capital. Desde segunda-feira (30), alunos da rede estadual passaram a bloquear importantes vias em protesto contra a reorganização escolar. Entre a noite de terça e o início da tarde desta quarta (2), oito pessoas foram detidas em dois atos: um na Avenida Nove de Julho e outro, na Doutor Arnaldo.

Não é razoável obstrução de via pública, é nítido que há uma ação política no movimento. Há um nítida ação política, disse o tucano em evento no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, no Morumbi, Zona Sul da capital. Ainda mais na Doutor Arnaldo. Só o Instituto do Câncer são mil pacientes por dia que precisam ter acesso, disse, ao citar o ato desta quarta. A avenida é considerada uma das mais importantes da cidade, pois liga a Zona Oeste à Avenida Paulista e fica na região do Hospital das Clínicas.

A polícia dialoga, a polícia conversa, a polícia pede para as pessoas saírem, a polícia dá tempo de as pessoas saírem. Agora, não pode prejudicar quem precisa trabalhar, é preciso ter o mínimo de bom senso, disse o governador.

A ação dos policiais segue orientação dada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). Ementrevista exclusiva ao G1 na terça, o secretário da Segurança, Alexandre de Moraes, disse que a Polícia Militar (PM) vai intervir sempre que for preciso para impedir que alunos bloqueiem as principais vias de São Paulo.

“Para resumir, bem resumido, a função da Secretaria da Segurança Pública e da polícia nesses acontecimentos é garantir que não haja dano ao patrimônio público. E não haja confusão, não haja briga entre quem queira assistir aula e quem não queira, disse Moraes. E também nós não vamos permitir que fiquem agora obstruindo as vias principais de São Paulo.

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