CampanhasSegundo a Agepen, campanhas de conscientização são desenvolvidas em presídios do estado, explicando a importância de economizar água. Nas cinco unidades envolvidas, a redução foi de 15,8% entre os meses de maio e julho. A economia aconteceu mesmo diante do aumento do número de presos de 4.920 para 5.017 no Complexo Penitenciário do Jardim Noroeste.
O presídio de trânsito, onde o detento está, foi a unidade do estado que teve maior economia, graças ao mecanismo criado, já que a caixa dágua do presídio é muito grande e, por isso, a água tinha forte vazão.
A redução foi de 30,9% no consumo de água, o que representou economia de R$ 30 mil em julho. A unidade que teve a segunda maior economia foi o presídio da Gameleira, com 10% de redução, número que era a meta inicial das campanhas.
Ainda conforme a Agepen, a iniciativa de conscientização também inclui monitoramento constante do sistema de água para evitar vazamentos, além de concursos e premiações aos detentos que mais economizam.
A criação chamou a atenção do diretor-presidente da Águas Guariroba, José João Jesus da Fonseca, que encaminhará um de seus técnicos para realizar um estudo sobre o novo mecanismo. A ideia é que a invenção seja implantada em outros órgãos.
Passo a passoSobre a técnica usada, Carlos diz que não tem segredo. Além do baixo custo, entorno de R$ 1 cada tampão, a instalação é simples e sem custo para o presídio, já que é feita por ele.
O detento ensina o passo a passo e lembra que fez vários testes até chegar no tamanho ideal.
Usei um T porque eu não tinha um joelho [...] aí um tampão normal, aqui já está modificado, fiz o furo de 4,5 milímetros e está pronta a redução. Você aperta até o final, aperta bastante para não soltar e vai conectar o chuveiro. Depois que conectar o chuveiro, passa menos água e já fez a sua economia, está pronta e redução, detalhou.
Além da economia, com a instalação do redutor, as paredes das celas deixaram de ficar molhadas por conta da grande pressão da água do chuveiro, que respingava e provocada umidade e mofo.
Carlos comenta que antes da campanha de conscientização do uso da água, os detentos não tinham noção da importância de economizar.
Agora mudou bastante. O pessoal já conscientizou que tem que economizar e está ajudando pra caramba. Antes [o pessoal] não tinha essa preocupação e gastava muita água, agora está bem melhor (sic), avaliou.
A adaptação faz parte de um projeto de economia de água desenvolvido pela Agência Estadual e Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) em parceria com a Águas Guariroba, concessionária de água e esgoto em Campo Grande.
Usei um tampão que é para tampar a vedação da água, modificamos ele, porque um furo normal é 20 milímetros e reduzimos a passagem de água para 4,5 milímetros. A água passa por esse furo, pode parecer pequeno, mas não é, dá passagem normal para a água, explicou.
A ideia de reduzir a vazão partiu do agente penitenciário Ricardo Teixeira de Brito, que sabia da necessidade economizar água.
Como não existia peça adequada para isso, tivemos que improvisar. Então, trouxemos para a unidade penal esse tampão [...] Chamei o Carlos, porque é o interno da manutenção, sempre nos ajuda e seria a pessoa mais indicada para contribuir, contou.
O detento Carlos Rodrigues de Moraes, de 47 anos, que adaptou uma peça e ajudou a economizar água no Presídio de Trânsito de Campo Grande, diz que se sente realizado por participar da iniciativa. Com a adaptação no chuveiro, o estado de Mato Grosso do Sul economizou R$ 267 mil em três meses e R$ 30 mil na conta de água de julho na unidade.
Me sinto muito bem de poder ajudar. Uma, porque estou trabalhando nessa área aqui dentro, outra porque o que eu puder fazer para contribuir para mim é melhor, explicou.
O equipamento é usado durante os banhos dos presidiários. O sistema criado pelo detento funciona através de um tampão com um pequeno furo, que, quando ajustado à instalação hidráulica, diminui o fluxo da água e aumenta a pressão. A adaptação foi instalada em 22 dos 44 chuveiros da unidade e também em torneiras. A meta é implantar em todos os chuveiros.
O G1 esteve no presídio na segunda-feira (17) e conversou com Carlos, que cumpre pena por tráfico de drogas há dois anos. Ele é eletricista de formação e foi preso levando cerca de 300 kg de cocaína em rodovia do estado.
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