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Médico aponta série de erros da família do menino que morreu sem socorro do Samu

Pai do menino cogita entrar na Justiça contra o Samu. (Foto: )

Após o laudo médico apontar que o menino Heber Romero, de 8 anos, morreu por conta de reação alérgica ao medicamento dado pela mãe da criança (Torsilax), a reportagem procurou médico para comentar o caso.

Série de erros

O médico clínico-geral dr. Djalmir Seixas declarou que “série de erros” da família teria causado a morte do menino. Segundo o doutor, a automedicação causou efeito adverso. “Qualquer medicamento tem sua dose, seu efeito colateral, a particularidade de acordo com o paciente. A pessoa não tem conhecimento, é para isso que servem os médicos”, alegou.

Dr. Djalmir lamentou a cultura brasileira de comprar medicamento sem receita médica. E ainda ressaltou que o Torsilax é também anti-inflamatório, que raramente é indicado a crianças de 8 anos. “Só com muita parcimônia, se realmente necessário”, explica.

O médico disse que houve demora da parte da família de perceber a gravidade do problema e diz não acreditar que o Samu teria negado atendimento. “Dificilmente um profissional de saúde vai negar um atendimento se este for caracterizado da forma correta. Não faz sentido, estão lá para atender”, frisou.

Ele também questionou a forma que foi feito o pedido de atendimento pela família. “O Samu sofre muitos trotes, situações que retardam atendimentos, então o jeito que a pessoa informa também pode fazer diferença”.

Pai nega e cita atendimentos desnecessários do Samu 

O segurança Robson Silva Ribeiro, pai do menino, rebateu as acusações do médico. “O menino estava ruim, tivemos medo de acontecer o pior. Não tínhamos como ir ao médico, senão não teria ligado para o Samu”, explica.

Robson ressaltou que mesmo que o Samu chegasse talvez o filho não teria sobrevivido. “Mas pelo menos ele teria uma chance”, destacou. O pai do menino mostrou sua revolta por acompanhar atendimentos “desnecessários” do Samu. “O que me revolta é que trabalho na noite e vejo o Samu ir buscar um monte de bêbado na balada e quando realmente precisa não atendem”, declarou.

Sobre a forma como foi feito o pedido por socorro, Robson conta que não estava no local, mas que o tio do garoto relatou o que estava acontecendo. “A gente não é médico, ele falou o que viu, que o menino tava roxo, gelado e disseram que não era grave. Queria que o cara que disse que não era grave tivesse ido ao enterro para ver como era grave”.

Robson, que ainda não recebeu seu salário, foi ajudado por amigos, que se juntaram e pagaram o velório da criança, além de fazer doações a família. O segurança revelou que conversará com amigos nesta tarde para decidir se entra na Justiça contra o Samu.

Segundo a Sesau (Secretária Municipal de Saúde), sindicância para apurar a denúncia sobre o caso foi instaurada na sexta-feira. Gravação da ligação feita pela família ao Samu deve ser liberada em breve para auxiliar na investigação, que ainda não chegou à Polícia Civil. 

O caso

Heber havia sofrido entorse de joelho quando brincava com os irmãos em casa. A mãe resolveu medicar o garoto e deu parte de relaxante muscular. O menino teria sofrido reação alérgica e o caso se complicou pela madrugada de sexta-feira (7), quando foi solicitado o atendimento do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Depois de receber a negativa de atendimento a família, que mora no Jardim Panorama, providenciou o transporte da criança para o Centro de Saúde do Tiradentes. Quando o tio que conduziu o carro chegou ao posto, a criança já estava morta.

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