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O esforço para recuperar 8 milhões de hectares degradados em MS

Minoria dos produtores investe em recuperação

Com o pasto ralo e fraco, a nutrição do gado fica muito prejudicada e os prejuízos são certos (Foto: www.newcitrus.com.br)

Mato Grosso do Sul tem aproximadamente 8 milhões de hectares de pastagens com algum grau de degradação. Um milhão em grau de total degradação, terra totalmente sem condições de produzir. O grande desafio para os produtores rurais é, cada um em sua propriedade, promover a recuperação dos pastos e do solo. Mas e quanto custa isso? E de que forma a recuperação pode ser feita sem complicar as finanças dos produtores? Sem dúvida nenhuma, a forma menos dispendiosa e arriscada é o proprietário de uma fazenda com pasto degradado ou em degradação fazer uma parceria com um agricultor, ou arrendar parte de sua propriedade a um agricultor. Pois este vai investir na terra, no solo, para produzir sua cultura de soja ou de milho e, consequentemente, estará recuperando aquela área para a implantação de um pasto futuro, em outras condições muito mais favoráveis.

Mas o caminho que vem sendo trilhado por uma centena de proprietários rurais para recuperar suas áreas e, ao mesmo tempo, aumentar significativamente a renda é a integração de atividades. Desenvolver agricultura e pecuária de forma alternada, ou mesmo pecuária conjuntamente com floresta e, eventualmente, até agricultura também. São os já muito divulgados sistemas integração lavoura-pecuária (iLP) ou integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF). Por meio desses sistemas integrados o produtor pode duplicar ou até triplicar sua renda, no entanto, ele precisa investir financeiramente e, ainda, tem de ter uma gestão muito eficiente para  obter resultados positivos em cada uma das atividades integradas.

SIMPÓSIO 

Na quinta-feira (25), foi realizado pelo governo do Estado um simpósio, que, a partir de agora, será realizado em diversas regiões do Estado, com a participação de técnicos de várias áreas da administração estadual e representantes dos produtores, de escritórios de assistência técnica, agrônomos, veterinários e profissionais do agronegócio regional. O objetivo é motivar os produtores e aqueles que trabalham com eles a adotarem alguma prática de recuperação de pastagens, o que proporcionará – depois do trabalho feito – ganhos significativos de produtividade no sistema de produção que cada um estiver desenvolvendo em suas propriedades. “O que não dá mais é ver produtores excedendo o número de cabeças de gado em áreas de pasto que não oferecem condições de nutrição para os animais, resultando em um gado desnutrido e distante de obter os resultados hoje apregoados para uma pecuária eficiente e rentável. Muitas vezes, já foi dito que, nos dias de hoje e muito mais no futuro, aquele produtor que não investir na busca de qualidade e de uma maior produtividade no seu negócio vai acabar saindo dele”, avaliou um técnico que esteve presente no evento.

O secretário da Produção e da Agricultura Familiar, Fernando Mendes Lama, que conduziu os trabalhos no simpósio de quinta-feira, falando ao Correio Rural, alertou que, hoje, no Estado de Mato Grosso do Sul, há um pequeno e restrito grupo de produtores, na ponta do sistema, produzindo com qualidade e com excelente rentabilidade. “Mas temos também um grupão, um grande grupo de produtores, a maioria deles, produzindo e vendendo o boi  só quando ele entorta os chifres”, ou seja, vendendo um boi com quatro anos ou até mais, enquanto o outro grupo vende um boi com dois anos e até menos que isso. O secretário também citou duas áreas de pastagem, uma saindo da BR-163 e seguindo para Dourados, “uma área nobre, próximo a um entroncamento importante, que cada vez que eu passo lá vejo que aumenta o número de cupinzeiros por metro quadrado. A outra área é indo para São Gabriel do Oeste, a mesma coisa, o número de cupinzeiros aumenta a cada vez que se passa lá. Onde tem cupim, certamente alguma coisa não está certa. E eu não entendo o que leva um pecuarista, ou um proprietário de terra produtiva, a deixar os cupinzeiros tomarem conta em meio a seu gado”, estranhou o secretário Fernando Lamas. Ele convocou todo o segmento, especialmente as empresas de assistência técnica e os produtores, a estudarem o “Programa de Recuperação de Áreas Degradadas” lançado pelo governo do Estado e salientou a parceria com o Banco do Brasil, que tem um bom volume de recursos para financiar esses projetos de recuperação de pastagens.

Certamente é preciso recursos. O pecuarista José Armando Amado, ouvido pelo Correio Rural, disse que em sua fazenda, em Caarapó, fez uma parceira com um agricultor e conseguiu recuperar uma boa parte da sua propriedade, melhorando o solo, que está em excelentes condições para  a implantação de pasto novamente. Já em propriedade mais para a região norte/nordeste do Estado, ele teve de investir na recuperação de uma área. “Fiz a reforma do meu pasto, mas é difícil, até hoje estou pagando pelo serviço”, afirmou, salientando que não foi barato. 

Mas, com certeza, quem investe na reforma de um pasto ou faz um arrendamento ou parceria com agricultores não se arrepende ao receber uma terra em boas condições para colocar novamente o seu gado.

Fernando Lamas informou que o que mais degrada pastos é o excesso de gado por hectare. Manejo incorreto é o fator principal para o quadro de degradação no Estado. Perguntado se a maioria dos pecuaristas não pratica o pasto rotacionado, o secretário disse que não, que o número daqueles que utilizam esta tecnologia não é significativo. “Precisa aumentar e muito”, concluiu. 

O programa de recuperação de pastagens continuará sendo difundido em reuniões por todo o interior do Estado.

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