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Para OMS, resistência de bactérias a antibióticos é ameaça global

A resistência a antibióticos é uma ameaça global à saúde publica, segundo um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Uso inadequado de antibióticos pode fazer com que pessoas morram de infecções tratáveis há décadas (Foto: )

O órgão analisou dados de 114 países e afirmou que essa resistência está ocorrendo em todas as regiões do mundo.

A OMS disse que caminhamos rumo a uma era pós-antibiótico, em que pessoas morrem de infecções simples que são tratáveis há décadas.

Ainda acrescentou que provavelmente haverão consequências devastadoras a não ser que medidas sejam tomadas com urgência.

Doenças comuns

O relatório trata de sete bactérias que causam doenças comuns, ainda assim sérias, como pneumonia, diarreia e infecções sanguíneas.

O documento indica que dois antibióticos-chave não funcionam em mais da metade dos pacientes, em vários países.

Um deles, o carbapedem, é usado como um último recurso para tratar infecções potencialmente mortais, como pneumonia, infecções sanguíneas e infecções em recém-nascidos, causadas pela bactéria K.pneumoniae.

Bactérias normalmente sofrem mutações até se tornarem imunes a antibióticos, mas o mal uso desses medicamentos - como sua prescrição desnecessária por médicos ou pacientes que não terminam seus tratamentos - faz com que isso ocorra mais rápido.

Novos antibióticos
Resistência da bactéria E.coli em infecções urinárias chega a metade dos casos (Foto: )

A OMS diz que novos antibióticos devem ser desenvolvidos, enquanto governos e indivíduos devem tomar medidas para retardar o processo de resistência das bactérias.

No relatório, o órgão diz que a resistência a antibióticos como o usado para combater a bactéria E.coli em infecções urinárias aumentou de praticamente zero nos anos 1980 para mais da metade dos casos atuais.

Em alguns países, o antibiótico usado para tratar essa infecção não funcionaria em mais da metade das pessoas tratadas com o medicamento.

Sem uma ação urgente e coordenada entre as diferentes partes envolvidas nessa questão, o mundo caminha rumo a uma era pós-antibiótico, em que infecções comuns e ferimentos simples que são tratáveis há décadas podem matar novamente, afirma Keiji Fukuda, diretor-geral assistente da OMS.

Fukuda diz que os antibióticos têm sido um dos pilares que levaram as pessoas a viver por mais tempo e de forma mais saudável.

A não ser que medidas sejam tomadas para melhorar os esforços de prevenir infecções e mudar a forma como produzimos, prescrevemos e usamos antibióticos, o mundo perderá uma das armas da saúde pública, afirma Fukuda. As implicações disso serão devastadoras.

Falha

O relatório também identificou que um tratamento usado como último recurso para combater a gonorréia, infecção transmitida sexualmente e que pode levar à infertilidade, havia falhado no Reino Unido, na Áustria, na Austrália, no Canadá, na França, no Japão, na Noruega, na África do Sul, na Eslovênia e na Suécia.

Mais de um milhão de pessoas no mundo contraem gonorréia diariamente, segundo a OMS.

O relatório lista medidas como melhores práticas de higiene, acesso a água limpa, controle de infecções em centros de saúde e vacinação como formas de reduzir a necessidade de antibióticos.

Nós encontramos taxas altíssimas de resistência a antibióticos em nossas operações de campo, diz a Jennifer Cohn, diretora médica da organização Médicos Sem Fronteiras, para quem o relatório da OMS deve servir como um alerta.

Governos devem incentivar o desenvolvimento de novos antibióticos de baixo custo que não dependam de patentes e que sejam adaptados às necessidades de países em desenvolvimento.

Plano global

Cohn acrescenta que um plano de ação global deve ser criado para o uso racional de antibióticos e para que medicamentos de qualidade cheguem a quem precisa deles, mas sem serem usados em demasia ou vendidos a um preço que os tornem inviáveis.

Nigel Brown, presidente da Sociedade de Microbiologia Geral do Reino Unido, diz ser vital que microbiológos e outros pesquisadores trabalhem juntos para desenvolver novas abordagens para lidar com essa resistência de bactérias.

Isso inclui novos antibióticos, mas também estudos que levem à criação de formas mais ágeis de diagnóstico, que ajudem a entendem como os micróbios se tornam resistentes a medicamentos e sobre como o comportamento humano influencia essa resistência.

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