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PF suspeita que pagamento a filho de Lula pode ter relação com caças

Documentos apreendidos em escritório de lobista fazem menção a ação do Instituto Lula para favorecer a sueca Saab

A Polícia Federal suspeita que os pagamentos de 2,5 milhões de reais feitos a um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenham relação não só com a edição de medidas provisórias, mas também com a compra dos caças suecos Gripen, da Saab, pela Força Aérea Brasileira (FAB). Em depoimento prestado à PF e obtido pelo jornal O Estado de S.Paulo, Lula disse que essas hipóteses são um absurdo.

Perguntado se os repasses a Luís Cláudio Lula da Silva foram alguma contraprestação por serviços prestados pelo ex-presidente à Saab para que essa viesse a vencer a concorrência para a compra dos caças, Lula disse, conforme registrado na transcrição do depoimento, que nega veementemente e considera essa hipótese um absurdo, já que nunca teve atuação relacionada a esse assunto.

O delegado Marlon Cajado também quis saber se os valores pagos a Luís Cláudio seriam em decorrência da elaboração de medidas provisórias por ele, enquanto presidente, ou para influenciar em vetos ou não vetos a emendas em medidas provisórias. Lula afirmou que considera essa hipótese outro absurdo, uma vez que as medidas provisórias seguiram todo o trâmite regular dentro do Poder Executivo e foram aprovadas pelas duas casas do Congresso Nacional.

A empresa LFT Marketing Esportivo, que pertence a Luís Cláudio Lula da Silva, recebeu pagamentos de 2,5 milhões de reais da Consultoria Marcondes e Mautoni Empreendimentos, do lobista Mauro Marcondes Machado. Ele e a mulher, Cristina Mautoni, estão presos, acusados de operar suposto esquema de pagamento de propina a servidores e autoridades federais para viabilizar medidas provisórias do interesse de montadoras de veículos.

Mauro Marcondes também foi representante do grupo que controla a Saab. Documentos apreendidos pela PF, revelados pelo jornal O Estado de S. Paulo, indicam que ele também fez gestões junto ao governo federal pela compra dos caças.

Lula foi questionado sobre documentos apreendidos na Marcondes e Mautoni que faziam menção a tratativas com o ex-presidente e o Instituto Lula para favorecer a Saab. Um deles citava uma solicitação da empresa sueca para que o ex-presidente levasse seu apoio à contratação da Saab para a presidente Dilma (Rousseff). O ex-presidente disse que nunca recebeu ou levou esse assunto ao conhecimento da presidente. Lula frisou que nunca discutiu com Dilma sobre a contratação de caças para a indústria brasileira.

A negociação para a compra dos caças começou no governo Lula e foi concluída na gestão Dilma por 5 bilhões de dólares. Ao fim de seu segundo mandato, em 2010, o ex-presidente declarou que conversaria sobre o assunto com a então presidente eleita. É uma decisão importante, daquelas que não posso tomar sozinho, faltando um mês e meio para terminar meu mandato, porque é uma decisão do longo prazo. O ex-presidente afirmou que nunca tratou a respeito com Mauro Marcondes.

(Com Estadão Conteúdo)

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