Buscar

Pintor já havia sido preso por homicídios e deixou cadeia em 2013

Ele ficou preso 17 anos e 9 meses por 2 homicídios em 1994 e 1995.Polícia Civil encontrou sétima vítima na casa do pintor nesta terça.

O pintor de parede Jorge Luiz Morais de Oliveira, 41 anos, preso na sexta-feira (25), acusado de matar um jovem homossexual e suspeito de esconder corpos em sua casa na Favela Alba, no Jabaquara, Zona Sul de São Paulo, tem uma longa ficha criminal.

Ele ficou preso 17 anos e 9 meses por dois homicídios em 1994 e 1995, se envolveu em rebelião de presos, e também respondeu criminalmente por sequestro, cárcere privado e formação de quadrilha. Ele deixou a cadeia em 7 de novembro de 2013.

Jorge chegou para depor na manhã desta terça-feira (29) no 16º Distrito Policial, que investiga o caso. Ele estava detido na carceragem do 77º DP. Segundo o delegado Edilzo Correia de Lima, pelo caso do jovem homossexual morto ele vai responder por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.

A Polícia Civil encontrou a sétima vítima da casa do pintor na manhã desta terça-feira (29). Nesta segunda-feira, familiares de uma mulher desaparecida que encontraram, por conta própria, novos restos mortais na casa do pintor.

Segundo a delegada Nilze Scapulatiello, do 35º Distrito Policial, roupas, calçados e ossos foram recolhidos da casa e levam à polícia a acreditar que pessoas tenham sido mortas e enterradas na casa do pintor.

Pintor suspeito de matar e ocultar cadáveres em casa no Jabaquara (Foto: Reprodução/TV Globo)

Tem homem, tem mulher, tem roupa de criança. Eu peguei todas as pessoas desaparecidas que eu tenho registro na área, pra informar, chamar parentes, reconhecer roupa, algum detalhes que não é pra nós, tem vários sapatos, sandálias, mas a família pode reconhecer, disse.

Uma equipe do Corpo de Bombeiros foi à casa do pintor na manhã desta terça-feira (29) para avaliar se novas escavações para buscas de outros restos mortais serão feitas. A polícia também encontrou fotos de seis pessoas na casa do pintor e vai investigar se elas estão desparecidas. Até agora, só o corpo do vizinho foi identificado.

Um morador da favela, que pediu para não ser identificado, afirmou que o suspeito costumava beber em um bar da região e que ele não fazia questão de esconder o desprezo que tinha por homossexuais e usuários de droga. Ele ficava direto no bar com a gente. Ele sempre falava que tinha raiva de gay e de nóia, mas nunca imaginei que seria capaz de uma coisa dessas.

O assassinato que levou à prisão do pintor ocorreu na noite da última quarta-feira (23), na residência dele, localizada na Rua Professor Francisco Emydio da Fonseca. Ele confessou que matou Carlos Neto Alves Júnior, de 21 anos, e decidiu se entregar após pedido da própria mãe. Depois da detenção, a polícia ainda encontrou ossos e restos mortais de outras possíveis vítimas na casa.

Interior da casa do pintor na favela Alba, na Zona Sul (Foto: Will Soares/ G1 )

O local do crime já estava liberado pela polícia nesta segunda após a conclusão do trabalho da perícia. Os peritos, no entanto, não haviam recolhido os vestígios encontrados pela mãe e pela companheira da desaparecida.

A estudante Renata Christiana Pedrosa, de 33 anos, desapareceu em janeiro deste ano. Ela, que é homossexual, morava com uma companheira em um apartamento também na região do Jabaquara. Usuária de drogas, costumava comprar maconha para consumo próprio na favela onde o pintor vivia. Os dois, no entanto, não se conheciam, garante a família.

Desde o sumiço da filha, Maria de Fátima Pedrosa começou o que classificou como trabalho de detetive ao lado da nora. Juntas, elas deram início a uma busca em paralelo às ações da polícia. Como o último registro do GPS do celular de Renata apontava para a região da favela, elas decidiram concentrar os esforços na área.

Utilizando a ferramenta e também as próprias mãos, elas cavaram e vasculharam a residência até encontrar objetos, como calcinha e meias, e também restos mortais. Nenhum dos itens, no entanto, foi reconhecido pelos familiares como de Renata.

Só vou acreditar [que a filha está entre as vítimas] se eu vir alguma coisa dela, ou o DNA, que ainda vai ser feito. Se eu vir o celular ou alguma joia que ela estava... Qualquer coisa assim. Até que me provem o contrário. O que escavamos foi pele, ossos de algum tempo. Nada que provasse que minha filha estava ali, afirmou Maria de Fátima.

Delegada isenta peritosA delegada Nilze Scapulatiello fez questão de isentar de culpa os peritos - a quem classificou como eficientíssimos - por não terem encontrado ou recolhido os vestígios desenterrados pelos familiares de Renata.

Não é que a perícia não tenha encontrado. No momento, não foi detectado. Você olha lá, pode ser um pedacinho de algodão e que não tem identificação, não tem ninguém na hora dizendo isso aqui é da minha filha. Agora, não. Agora as pessoas estão nos procurando, explicou ela.

Ainda segundo Scapulatiello, as equipes responsáveis fizeram todo o trabalho de investigação, perícia para o local, tudo que foi possível fazer num fim de semana chuvoso e sem nenhuma informação. Um novo trabalho de perícia foi solicitado nesta segunda-feira. O local, agora, está sendo preservado pela Polícia Militar.

Perguntada se houve falha da perícia, Scapulatiello foi direta: Não falhou. Ninguém falha. As coisas tem que ser complementadas com as notícias que você vai recebendo, completou.

A mãe conta que chegou até a encontrar com Jorge Luiz em um dos muitos dias de busca. Na oportunidade, perguntou pela filha e mostrou até uma foto ao pintor, que negou já tê-la visto por ali.

Moradora do Rio de Janeiro, Maria de Fátima diz que está fazendo plantão em São Paulo desde o começo do ano. Quando ficou sabendo do caso pela TV, não teve dúvidas: foi novamente ao local.

Cansada de esperar pelo trabalho da polícia que, segundo ela, afirmava que Renata estava viciada em crack e morando na rua, na manhã de segunda-feira (28), ela e a nora compraram uma pá e decidiram entrar na casa do pintor para ver se encontravam alguma pista ou pertence da estudante.

Pintor chega para depor em Distrito Policial em São Paulo (Foto: Will Soares/ G1)

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.