Publicado em 20/06/2022 às 09:00, Atualizado em 20/06/2022 às 13:03

"Se a Petrobras decidir enfrentar o Brasil, ela que se prepare", diz Lira

Em reunião convocada pelo presidente da Câmara, líderes dos partidos discutem hoje novas medidas para conter alta dos preços dos combustíveis

redacao com, Correio Braziliense
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À véspera da reunião de líderes convocada para discutir a política de preços de combustíveis praticada pela Petrobras, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), voltou a atacar duramente a estatal. "Não queremos confronto, não queremos intervenção. Queremos apenas respeito da Petrobras ao povo brasileiro. Se a Petrobras decidir enfrentar o Brasil, ela que se prepare: o Brasil vai enfrentar a Petrobras. E não é uma ameaça. É um encontro com a verdade", postou Lira, no Twitter.

Reduzir ou interromper a alta do preço dos combustíveis tornou-se um tema fundamental para o presidente Jair Bolsonaro (PL) a pouco mais de três meses do primeiro turno das eleições. Por isso, o chefe do Executivo e aliados não poupam críticas à companhia. No sábado, Bolsonaro afirmou ter acertado com Lira o encaminhamento, na reunião de hoje, da proposta de criar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o tema.

Terreno perigoso

Para alguns analistas, porém, o governo avança sobre um terreno perigoso, pois a CPI pode se transformar num palco de críticas ao Planalto, como ocorreu com a comissão do Senado que investigou a pandemia de covid-19. Tanto que parlamentares da oposição não são contrários à ideia.

"De CPI eu entendo. Sou o primeiro a propor! Em um breve roteiro já podemos: investigar a Petrobras, que integra o governo, depois investigar os presidentes da Petrobras, que Bolsonaro mesmo nomeou, e vamos chegar à resposta que… a responsabilidade é do próprio governo", disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que foi vice-presidente da CPI da Covid no Senado.

O líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), no entanto, afirma que a eventual CPI da Petrobras não deverá ter os mesmos rumos da CPI da Covid do Senado. "Esta será na Câmara, e terá outra composição", disse ele ao Correio. Barros ressalvou, porém, que a decisão de formar a CPI não está tomada. "Vamos avaliar. Ainda não ficou decidido", destacou.

Para o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), a formação de uma CPI, sem que seja modificada a política de preços da estatal prejudicaria a imagem da empresa, inclusive, no exterior. "Esse governo já acabou. E atacar a Petrobras, num país sério, uma empresa cuja atividade afeta toda a economia brasileira, com impacto direto na inflação e no bolso do trabalhador, na minha opinião, seria um erro. Por isso, só resta proteger o patrimônio brasileiro. O governo não está interessado nisso, só quer entregar para os amigos do setor de petróleo e gás", disse o parlamentar mineiro.

O Colégio de Líderes deve debater ainda outras propostas para segurar o preço dos combustíveis, como a cobrança de Imposto de Exportação sobre as vendas de petróleo ao exterior. Outra idéia é a de elevar a Contribuição Social sobre Lucro Líquido(CSLL) da estatal. Os recursos obtidos com as medidas poderiam ser usados para cobrir custos e permitir reajustes mais moderados da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha.

O governo é o maior acionista da Petrobras, tendo nomeado seis dos 11 conselheiros, além de todos os presidentes da empresa — o atual, José Mauro Ferreira Coelho, empossado há pouco mais de dois meses e já dispensado por Bolsonaro, aguarda os trâmites burocráticos para deixar o posto para Caio Mário Paes de Andrade, também indicado pelo chefe do Executivo. Por isso, o governo sofre críticas por não modificar a política de preços, que segue a paridade com o mercado internacional desde 2016. Além disso, a União é amplamente beneficiada pelos altos lucros que a estatal vem obtendo.