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Andarilhos nus são reflexos de falta de estrutura psiquiátrica, diz especialista

Vídeos de pessoas caminhando sem roupas têm sido compartilhados em redes sociais

Vídeos de pessoas nuas caminhando normalmente pelas ruas têm se tornado cada vez mais presentes em compartilhamentos nas redes sociais, principalmente por meio do aplicativo WhatsApp. Por trás das risadas, dos comentários maldosos e até das indignações há um problema social que tende a se agravar daqui pra frente: a dificuldade no acesso ao tratamento psiquiátrico.

No último vídeo compartilhado nas redes sociais, é possível ver uma jovem totalmente nua caminhando pela Rua Ceará, na Capital. Uma pessoa em um carro filma toda a situação e em certo momento das imagens, a jovem começa a correr, sem parecer se importar com o que acontece ao redor.

O psiquiatra Marcos Estevão explica que a situação tem se tornado comum e é sintoma de doença psiquiátrica que faz com que o paciente sofra uma regressão, agindo, assim, como criança.

“Essas pessoas se tornam andarilhos e em um momento de surto psicótico acabam não se preocupando com a vestimenta, agindo totalmente como criança”, diz o especialista.

TRATAMENTO

Os tratamentos para esse tipo de transtorno geralmente incluem medicamentos e acompanhamento médico. No entanto, o problema está na dificuldade de acesso que muitas pessoas, principalmente de baixa renda, têm enfrentado.

O psiquiatra explica que há no país um movimento antimanicomial, iniciado a partir de 2001 com lei federal que prevê redução de quantidade de manicômios. Na Capital, o problema está na falta de leitos e estruturas nos hospitais e nos Centos de Atenção Psicossocial (Caps), mantidos pela prefeitura. Em todo o Estado, há 242 leitos de psiquiatria.

A situação é, inclusive, alvo de investigação do Ministério Público Estadual (MPE), que em julho do ano passado abriu inquérito para apurar falta de leitos e caos no atendimento psiquiátrico.

“A solução está no sistema. Centenas de leitos foram fechados, diminui-se a quantidade de profissionais e essas pessoas acabam ficando com as famílias, que não suportam essa situação”, completa.

No caso do último vídeo compartilhado, não há notícia sobre possível tratamento que a jovem que aparece nua possa ter sido submetida.

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