Publicado em 05/08/2020 às 15:29, Atualizado em 05/08/2020 às 19:32

Aos 38 anos, João Paulo foi levado pela covid-19, mas deixou missão cumprida

Sem nenhuma comorbidade, técnico de enfermagem deixa legado de amor à família e ao próximo.

Campo Grande News,
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João com a esposa e os filhos. Todos pegaram covid-19. (Foto: Arquivo da Família)

Vinte anos de profissão, de casamento e apenas 38 de vida. João Paulo Rodrigues da Matta, por tudo que se ouve e se lê sobre ele, parece ter vivido bem mais que isso, o que comprova a intensidade de seu tempo na terra.

Parado pela covid-19 em 28 de julho, foram 17 dias de luta intensa para que o vírus não o vencesse, mas pelas palavras da própria esposa, João se foi porque “cumpriu sua missão”.

Técnico de enfermagem, João era conhecido e querido em Campo Grande. Há chuva de homenagens nas redes sociais, de amigos, colegas de trabalho e de fé. Especializado no atendimento a pacientes com câncer, ele lutava por uma enfermagem humanizada, como lembrou a esposa, Luciana Franco da Matta, 37 anos, professora.

Profissional dedicado, cresceu na área com muito esforço, conforme a esposa, e conseguiu alcançar seus objetivos fazendo o que amava: cuidar de pessoas.

“Ele atendia os pacientes em qualquer horário que ligassem, ele atendia. Tinha muito amor ao seu ofício, à sua profissão”, destaca Luciana. 

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Divulgação

Ela lembra que o marido se preparava para disputar uma vaga na Câmara de Vereadores nas eleições deste ano e que lutava por uma saúde mais humanizada. “Ele ia lutar por uma enfermagem mais humanizada”, destaca, afirmando que pelo seu exemplo, deixa um legado de amor à família e ao próximo.

E foi em família o surgimento do vírus. Entres os dias 11 e 12 de julho todos da casa – João, esposa, filha de 16 anos e filho de 12 – começaram a apresentar sintomas. João foi o primeiro a fazer o teste para saber se era coronavírus, o que foi confirmado no dia 14 de julho.

A partir daí, ele começou a tomar toda medição prevista em protocolo para os sintomas da doença, desde a hidroxicloroquina, até azitromicina, sulfato de zinco, ivermectina e a vitamina D3. Mas a doença avançou e em 17 de julho ele, já com falta de ar, foi parar no hospital, com saturação (oxigenação do sangue) em 89%, bem abaixo do 93%, considerado limite.

“Ele foi só agravando”, comentou Luciana, lembrando que os medicamentos, ao menos no caso de João, “não ajudaram em nada” e que ele apresentou “febre todos os dias”.

João foi ao hospital na noite de sexta, dia 17, “porque não aguentava mais” e segundo a esposa, o marido esperou para buscar atendimento médico, porque aguardava que as medicações fizessem algum efeito, já que a administração é por cinco dias.

No Hospital Unimed, ele de deparou com a falta de vaga e foi encaminhado para o Proncor, onde ficou recebendo oxigênio na enfermaria. Seis dias depois, em 23 de julho, precisou ser entubado, porque o quadro agravou.

“Ele não tinha nenhuma outra doença, era extremamente saudável, forte, tinha uma boa imunidade, nem dor de cabeça ele sentia e sempre praticava esportes”, afirmou Luciana, sem ter uma explicação técnica sobre a razão do organismo de João não ter resistido à covid-19. “Os exames de sangue dele estavam todos alterados”, comentou.