Publicado em 18/03/2015 às 13:40, Atualizado em 26/10/2016 às 11:33

Bebê morre e família acusa enfermeiros do Hospital Regional de negligência

Fagner de Olindo, Campo Grande News
Mãe do bebê morto afirmou que sangue da criança não coagulava, por isso ele não podia ter hematomas. (Foto: Marcos Ermínio)
Criança ficou com diversos hematomas no pescoço. (Foto: Marcos Ermínio)

A família de uma criança de 9 meses registrou um boletim de ocorrência e recorreu à Associação de Vítimas de Erros Médicos do Estado, depois que o bebê morreu. A família suspeita de negligência por parte da equipe médica do Hospital Regional, onde ele era atendido. A criança sofria de uma doença rara, Hemofilia.

A mãe da criança, Roseli Barbosa da Silva, 30 anos, contou que a doença faz com que o sangue do bebê não coagule, então ele não pode sofrer ferimentos, o que pode causar-lhe hemorragia, por isso ele toma uma injeção de fator FVIII constantemente, para que o organismo se regularize.

Na quinta-feira (12), os pais o levaram para o hospital para receber mais uma dose do medicamento, porém, os enfermeiros não conseguiram encontrar a veia do garoto, então tentaram aplicar a injeção na jugular do bebê, mas novamente não conseguiram localizar o ponto. O menino começou a reclamar, então eles foram embora.

No dia seguinte (13), a família do menino voltou ao HR para aplicar a injeção. Lá eles entraram em contato com a médica que normalmente os atende, que acabou encaminhando o caso para uma especialista. A outra médica tentou mais uma vez aplicar a dose, sem sucesso mais uma vez. Por conta da agulha, os dois lados do pescoço do menino ficaram inchados.

Por fim, uma técnica de enfermagem conseguiu encontrar a veia do bebê e aplicou a injeção. Horas depois , a criança sentiu muita dificuldade de mamar e demonstrava muitas dores, além de estar inchado, principalmente na região do rosto. No dia seguinte (14), foi encaminhado mais uma vez para o hospital.

A família chegou desesperada ao hospital, conforme a mãe, e imploraram que os médicos o atendessem, porém eles se recusaram e começaram a ligar para a médica responsável pelo caso do menino, porém não conseguiram contato.

Um tempo depois, a médica chegou ao hospital e, ao saber sobre o estado do menino, mandou interná-lo. O menino ficou internado e seu estado de saúde só piorando, relatou a mãe. “O pescocinho dele estava muito inchado, não sei como a equipe médica não achou a veia dele. Não entendo por que tentaram furar o pescoço”, desabafou a Roseli.

No domingo, por volta das 13h, o menino morreu de parada cardíaca e sofreu uma hemorragia no pulmão, mas os pais ainda não tiveram acesso aos prontuários.

Conforme o presidente da Associação, Valdemar Morais de Souza, a família alega que a criança deu entrada no hospital sem hematomas e estava bem. “Os pais disseram que durante o atendimento médico, vários enfermeiros tentaram fazer a incisão do soro e foram dadas ao todo nove agulhadas no bebê, duas delas no pescoço, inclusive, e que isso teria causado hematomas que contribuíram para o óbito”, explicou.

Os advogados da entidade, de acordo com o presidente, darão assistência à família de Luiz Gustavo, além de psicólogos. Ainda entraram em contato com o Conselho Regional de Medicina, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e MPE (Ministério Público Estadual) para cobrar explicações. “É inadmissível terem tantos erros médicos que levam óbito em todo o Estado”.

Os pais da criança foram hoje (18) até a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Bairro Piratininga registrar um boletim de ocorrência para exigir investigar o caso. O objetivo é que os funcionários do hospital que fizeram o atendimento do bebê sejam chamados para prestar depoimento.