Publicado em 22/05/2015 às 07:21, Atualizado em 26/10/2016 às 12:05

Dona de casa acusa servidora da Sesau de pegar dinheiro por cirurgia pelo SUS

Funcionária pediu dinheiro com promessa de cirurgia neurológica para marido da vítima

Fagner de Olindo, Mídia Max

A dona de Maria Cristina Mariano de Lima, de 45 anos, denunciou à Polícia Civil um golpe que teria sido vítima. Segundo ela, uma mulher que se identificava como advogada da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) a convenceu a entregar R$ 17 mil para viabilizar uma cirurgia para o marido dela, Sidnei Sidney Aparecido de Lima, de 50 anos, que foi diagnosticado com Doença de Parkinson há sete anos. 

De acordo com Maria Cristina, que é de Paranaíba, cidade a 413 quilômetros da Capital, a suposta advogada a convenceu a pagar pelos eletrodos que seriam usados na cirurgia e a fazer um cartão do SUS para o marido, como se ele morasse em Campo Grande.

Segundo Maria Cristina, o contato com a suposta advogada começou em 2014. Ela trabalhou na campanha de um candidato a deputado de Três Lagoas, que sabendo dos problemas de saúde do marido, passou o telefone da suposta advogada, dizendo que ela poderia ajudar na viabilização de uma cirurgia.

Maria Cristina conta que entrou em contato com a suposta advogada, que questionou se ela já havia ingressado com alguma ação contra o Estado. Diante da negativa, a advogada falou para ela encaminhar os laudos do neurocirurgião e um endereço na Capital, dizendo que poderia ajudar. A mulher teria falado que ela e o secretário municipal de Saúde, Jamal Salem, estavam procurando um médico para fazer a cirurgia.

Os contatos telefônicos continuaram e a vinda da família para Campo Grande, para fazer a internação do marido, ficou acertada para o dia 11 de fevereiro. Dois dias antes, em novo contato, a data mudou para o dia 23 de fevereiro.

No dia a suposta advogada disse ter conseguido o médico, mas informou que o SUS (Sistema Único de Saúde), na iria cobrir os custos dos eletrodos necessários para cirurgia. Segundo Maria Cristina, a suposta advogada disse que os eletrodos custariam R$ 138 mil, mas que conseguiria R$ 102 mil com doações. O restante teria que ser custeado por ela. Maria Cistina então conseguiu R$ 17 mil emprestados e teria dado à mulher.

A suposta advogada ainda orientou a dona de casa a mudar o titular da conta de água da casa do cunhado, para o nome do marido dela, para que conseguissem emitir o cartão do SUS com o domicílio em Campo Grande. “Eu acreditei nela. Achei que fosse realidade. Ela me levou na Sesau para eu acreditar”, diz.

A cirurgia continuou a ser protelada, por conta dos eletrodos, que chegariam dos Estados Unidos. A última data seria o dia 9 de maio. “Ela dizia que cada dia do meu marido era um ano, que precisava fazer a cirurgia”, relembra. Em Campo Grande, a família ficou sabendo mais uma vez que não teria cirurgia e Maria Cristina foi até a Sesau para tentar falar com o secretário.

Lá ela teria falado com o assessor do secretário municipal de Saúde, que confirmou que a suposta advogada trabalhava lá. Segundo a denunciante, Jamal entrou na sala e falou que sabia da situação dela e que tudo seria resolvido, que a Sesau voltaria a entrar em contato com ela, mas até agora, nada foi feito.

A mulher procurou mais uma vez o assessor do secretário, que disse que a suposta advogada havia dito que ela entregou R$ 17 mil voluntariamente. Depois, a mulher ainda disse que trabalhava em uma ONG (Organização Não Governamental) e começou a prometer a realização da cirurgia no Hospital Militar. 

Maria Cistina então procurou a polícia e entregou os comprovantes de transferências bancárias e gravação telefônica, que ela diz comprovar que a suposta advogada falou várias vezes que conseguiria a cirurgia e com a anuência do secretário municipal de Saúde.

A Sesau informou a reportagem que os procedimentos para marcação de cirurgias via SUS são feitos através do Sistema de Regulação de acordo com a abertura de vagas, sem gerar custos para o paciente. Sobre o caso denunciado, foi orientado que a vítima registrasse o caso na polícia e também na ouvidoria da Sesau.

De acordo com publicação do Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande), a suposta advogada foi exonerada da Sesau na última quinta-feira (14).