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Flanelinhas têm próprio código de ética e ‘loteiam’ regiões da Capital

Flanelinhas criaram próprio código de conduta nas ruas da cidade. (Foto: Leonardo de França/O Estado MS)

Com apenas 55 profissionais registrados no MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), os “flanelinhas”, como são conhecidos os guardadores de carros, possuem um “código de ética” e loteiam as ruas de Campo Grande. Cada trabalhador delimita uma área onde vai atuar e os demais, na maioria das vezes, respeitam. Há inclusive casos de aluguel de pontos.

Na semana passada, nove flanelinhas foram presos por exercerem ilegalmente a profissão na região do Santuário Nossa do Perpétuo Socorro, na avenida Afonso Pena. Os suspeitos são acusados pela população que frequenta a igreja de perturbar e até danificar carros em algumas situações em que os valores exigidos não são pagos. Os homens foram autuados por exercício ilegal da profissão e perturbação da tranquilidade e foram liberados em seguida.

Dois flanelinhas foram presos na madrugada do dia 7 deste mês por tentar extorquir um rapaz que havia estacionado seu carro na avenida Mato Grosso esquina com a Calógeras, em Campo Grande. Se sentindo coagida, a vítima identificada procurou a Polícia Militar para denunciar o caso.

Em dezembro do ano passado, o jornal O Estado publicou uma matéria apontando que somente no centro da Capital existem 280 flanelinhas trabalhando, sendo 90% de forma irregular, conforme havia levantado o Conselho de Segurança do Centro. Na época, 32 profissionais eram registrados no MTE.

A principal reclamação dos motoristas é que mesmo a rua sendo um local público, há profissionais que exigem valores fixos para cuidarem do veículo. Até em locais em que há parquímetros na centro da cidade, existem flanelinhas atuando.

Rapaz cuida carros na região da feira para ter renda extra

Nas proximidades da Feira Central, em frente ao Armazém Cultural, guardadores criaram um “código de ética” próprio e se organizaram para trabalhar no local. De acordo com Adriano Barbosa, 23, que aluga um ponto há cinco anos no local, não há nenhum tipo de indisposição ou ameaça com o cliente.

 “Tudo começou lá em cima, no antigo local da feira. Aí quando veio para cá foi dividido entre seis guardadores. Eu alugo o ponto de um deles. Trabalho durante a semana no meu emprego e no fim de semana venho para cá. Como é muita família e o público daqui já conhece a gente, é tudo bem tranquilo”, explicou.

Conforme o flanelinha, não há preço fixo já definido para a cobrança. “Aqui paga se quiser. Não exigimos nada. Mas, a maioria colabora, desde moedinhas até nota grande. Sempre tem uns que nem abaixam o vidro, mas é assim mesmo”, comentou Barbosa.

Ainda segundo o cuidador, em boa parte dos locais que existem flanelinhas trabalhando, há divisão do espaço. “Aqui já tivemos problema com usuário de droga querendo cobrar. Se o cara chegar aqui fazendo isso a gente chega na conversa e podemos até alugar o espaço para ele também e dividir o valor no fim, mas todos sabem que existe essa regra aqui. Em todos os lugares que tem flanelinha, como aqui na feira, eles dividem assim também”, afirma Barbosa comentando que consegue tirar R$ 50 por dia e repassa metade do valor ao dono do ponto.

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