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Mãe de menina morta em acidente culpa os pais de adolescente que dirigia carro

Ainda vou procurar os pais dele, afirma Valda

“A culpa é dos pais do menino, que já estava acostumado em pegar o carro e sair pelas ruas do bairro correndo. Como ninguém viu e denunciou este menino dirigindo sem carteira?”, indaga Valda Parreira de Oliveira, de 44 anos, mãe de Mariany Parreira de Oliveira, de 16 anos que morreu na última segunda-feira (14), em um acidente de carro na Avenida Lúdio Martins Coelho, no Bairro Tarumã, em Campo Grande.

Com um semblante que mistura a dor e tranquilidade é que Valda conversa com a equipe de reportagem do Midiamax. A vendedora, mãe de mais quatro filhos, alterna a voz embargada com a força de manter-se em pé. “Ainda quero me encontrar com os pais e com o menino e perguntar o por quê?”, fala.

Valda não conhece nem o rapaz, nem os pais mas explica que ainda vai procurá-los para saber como tudo aconteceu e por que o adolescente estava com sua filha no carro. “Eles até agora não me procuraram, e a mãe dele é professora do meu filho”, explica.

Para a mãe de Mariany os maiores culpados da tragédia que assolou sua família são os pais que permitiram que tudo isso viesse a ocorrer. A vendedora ainda fala com muita calma, que não tem raiva ou mágoa do adolescente, “Não tenho mágoa, mas quero entender o por que?”. A mãe ainda revoltada fala que todos no bairro sabiam que o menino pegava o carro do pai, e que nunca ninguém fez nada.

“Como um policial não chegou a ver este menino dirigindo? Como ninguém nunca anotou a placa do carro para fazer uma denúncia?”, diz Valda. Para a mãe de Mariany a lei não é cumprida, Se existe lei tem que ser cumprida, e tem que ser penalizado o responsável”.

Mariany ainda não tinha apresentado o adolescente para mãe, mas já tinha comentado sobre estar apaixonada pelo menino, como a própria vendedora afirma. “Ela veio me falar que estava gostando de um menino, então disse para ela trazer o menino para eu conhecer”, explica.

No dia do acidente, segundo a mãe, a adolescente saiu cedo para ir ao salão arrumar os cabelos, voltou para a sua casa, almoçou com os irmãos, limpou a casa para a mãe. “Durante à tarde ela tinha me pedido para ir até a casa de uma amiga, e deixei”, fala. Mas, um tempo depois a vendedora recebeu um telefonema de sua irmã afirmando para que ela fosse direto para sua casa por que a filha teria sofrido um acidente.

“Liguei na casa da amiga dela, e ela falou que minha filha tinha ficado de passar lá, mas não tinha chegado”, explica Valda. Ela fala de  Mariany como se a qualquer momento a menina fosse entrar pela sala e conta as histórias engraçadas que costumava contar para a família.

A menina tinha sonhos de ser bióloga como a irmã (14). “Minha filha tinha tantos sonhos, era linda, alegre, sempre sorrindo e muito engraçada”, fala Valda em um choro contido. “Poderia ficar o dia todo falando da Mariany. Era uma menina maravilhosa na minha vida”, termina Valda.

De acordo o delegado que atendeu a ocorrência, Edenílson José Huller, da 6ª Delegacia de Polícia Civil, os pais do jovem foram autuados no boletim de ocorrência como autores do homicídio culposo e serão sim responsabilizados pelo crime, já que deixaram o adolescente dirigir. No mesmo dia, o pai do adolescente confirmou para a equipe do Jornal Midiamax, que o filho já havia conduzido o carro outras vezes, mas só para dar voltas na quadra em que mora.

As investigações sobre o caso segue em segredo de justiça na Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e a Juventude). O jovem será indiciado por ato infracional correspondente a homicídio culposo na direção de veículo automotor e por conduzir sem a CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

O acidente

O acidente aconteceu na Avenida Lúdio Martins Coelho, no Bairro Tarumã, na tarde desta segunda-feira (14). O adolescente vinha sentido centro/bairro e teria perdido o controle do veículo, que rodopiou e bateu a lateral direita do carro no poste. O adolescente teria pegado o carro do pai para dar uma volta e acabou colidindo o veículo em um poste na avenida. O garoto teria dito ao pai que o asfalto molhado o fez perder a direção. Por conta da alta velocidade, todo o poste foi arrancado após a colisão.

A investigação tramita em sigilo. Os pais do adolescente podem ser responsabilizados, por terem permitido, mesmo que involuntariamente, que ele tivesse acesso ao veículo.

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