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Mutirão carcerário busca enfraquecer facções criminosas que atuam em MS

Polícia especializada para atuar em presídios está presente apenas na Capital. (Foto: Eliel Oliveira/Diário MS)

O Judiciário estadual conduz um trabalho para desarticular ações de facções criminosas que agem de dentro dos presídios de Mato Grosso do Sul. Essa medida está inserida entre as atividades que o mutirão carcerário está desempenhando desde a ontem (22).

Com 7 mil detentos acima da capacidade, juízes criminais de Mato Grosso do Sul além de revisarem a penas de internos para liberar quem já pode sair de trás das grades, desafogando o sistema, trabalham para “separar” pessoas com certo grau de hierarquia em organizações criminosas, como o PCC (Primeiro Comando da Capital), com origem em São Paulo, e CV (Comando Vermelho), com central no Rio de Janeiro.

A Justiça estadual já identificou quase uma dezena de detentos com essas características, a maioria deles reclusos na PED (Penitenciária de Dourados). A presença desses acusados em uma só unidade acaba trazendo prejuízos para a política de segurança pública, avaliam os integrantes do mutirão. Eles foram transferidos para Dourados – a 228 km de Campo Grande – após desavenças, tumultos e falta de estrutura em outros presídios do Estado. Esses criminosos estavam divididos entre a Capital, Corumbá, Três Lagoas e Dourados.

Segundo apurado pela reportagem com a polícia e agentes penitenciários, a unidade douradense seria de onde partiriam boa parte das ordens para os demais presídios de Mato Grosso do Sul.

O juiz da 3ª Vara Criminal de Dourados, César de Souza Lima, cravou que o Judiciário enfrenta problemas para conseguir a transferência de alguns detentos para outros locais. “Já foi pedido para que fossem tirados os detentos mais perigosos de Dourados. Eles acabaram concentrados todos aqui”, indicou o juiz, que atua no mutirão carcerário.

Durante a força-tarefa, a Justiça estadual verificará quais presos também possuem ligação com outros Estados, por terem praticado crimes ou por responderem a processo fora de Mato Grosso do Sul. Além disso, será estudado quem desses acusados pode ser transferido para o Presídio Federal de Campo Grande.

Penitenciária em Dourados tem quase 200% de superpopulação

As penitenciárias de Campo Grande e de Dourados são semelhantes na capacidade e também na superlotação. Cada uma tem em torno de 2,3 mil presos, quando comportariam 800.

Uma diferença importante entre elas é que somente na Capital há um policiamento especializado para atuar no caso de tumulto ou rebelião. A Tropa de Choque da Polícia Militar fica sediada em Campo Grande e é o único pelotão da corporação com condições para atuar nesse tipo de ocorrência.

Quando há necessidade, a administração da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) recorre ao policiamento especial de Campo Grande. Em fevereiro, houve rumores de que haveria rebelião na unidade de Dourados, mas a situação foi contornada.

Em março, houve tumulto e os policiais do Batalhão de Choque da Capital fizeram pente-fino em um pavilhão que abrigava 800 pessoas para localizar celulares, drogas e possíveis armas.

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