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Carnaval ou Ambulância: Prefeitura encerra enquete e Bonito não terá festa

Como era de se esperar, a ambulância venceu a disputa, mas mesmo assim a estimativa é de que a cidade receba quase 15 mil turistas no período do Carnaval.

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Divulgação

Depois de lançar a enquete com a escolha entre a realização de uma festa de Carnaval ou a compra de uma ambulância, a Prefeitura de Bonito, a 300 km da Capital, encerrou a pesquisa duas semanas antes do previsto. De acordo com o informe inicial, a enquete estaria aberta até o dia 15 de fevereiro, mas foi encerrada no fim de janeiro. Como era de se esperar, a ambulância venceu a disputa, mas mesmo assim a estimativa é de que a cidade receba quase 15 mil turistas no período do Carnaval.

O Secretário Municipal de Turismo, Indústria e Comércio, Augusto Barbosa Mariano, explica que a pesquisa terminou com cerca de 80% dos votos para a compra de uma ambulância. Ele justifica que a pesquisa foi encerrada antes do tempo porque, caso o Carnaval ganhasse, a administração deveria ter um tempo hábil para fazer o processo licitatório para a compra de palco, som, iluminação, contratação de banda, entre outros.

Entretanto, a população escolheu a ambulância e a intenção é comprar uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Móvel com o recurso de R$ 200 mil. O processo licitatório para a compra deve ser lançado em breve. Segundo o secretário, atualmente o município conta com cinco ambulâncias, sendo que quatro são bastante antigas e ‘deixam a desejar’.

Augusto aponta que mesmo que a administração não vá gastar diretamente com a festança, o município ainda deve receber de 10 a 15 mil turistas no período do feriado de Carnaval. “Vai ter vários Carnavais organizados pela iniciativa privada, além disso já teremos gasto com o reforço policial que nos ajudará na segurança. Precisamos de pelo menos 20 policiais”, ressalta.

A análise da administração municipal é de que a escolha da população foi sábia. De acordo com o secretário, os recursos são insuficientes para cobrir todas as despesas e a saúde e educação são prioridade. “Estamos num período que tem que ter muita criatividade, fazer mais com menos. Temos muito ônus e pouco bônus, tem que optar e ver o que é melhor para a cidade”.

Vale lembrar que a enquete com a escolha entre o Carnaval e a ambulância lançou uma tendência entre outros municípios do estado. Pelo menos oito cidades do Estado deixam a folia de lado para investir em outras coisas, como o pagamento de funcionários, educação ou saúde.

Entretanto, o secretário de Turismo de Bonito defende que a população da cidade turística não vai ficar sem atividades de lazer durante o ano. Segundo ele, Bonito tem outras festividades para os moradores, enquanto em outras cidades, a única festa é o Carnaval. “Temos o Festival de Inverno, Festival da Guavira, a festa de Réveillon, a população continua tendo lazer cultural. Não vai ficar órfão, o carnaval é o ápice, mas Bonito tem muitas atividades”, justifica.

Mas afinal, pode usar o dinheiro do Carnaval para outros fins?

De acordo com o Promotor de Justiça do Patrimônio Público de Campo Grande, Humberto Lapa Ferri, a não realocação de verbas que seriam destinadas para o Carnaval em outro setor não causa problemas para o administrador público, porque geralmente o dinheiro destinado para a realização da festa não é carimbado, ou seja, não tem obrigatoriedade de que seja investido somente nela.

Como é uma festa que acontece todos os anos, apenas em poucos casos, como no Rio de Janeiro, ela vem com destinação certa. “Geralmente são verbas de arrecadação, então o prefeito por fazer alterações de onde pretende investi-las, desde que não seja carimbada, mas isso é bem difícil se tratando do Carnaval em Mato Grosso do Sul, ainda mais no interior”, esclareceu o promotor que é responsável pela 31ª Promotoria de Justiça do Patrimônio Público da Capital.

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