Publicado em 31/08/2017 às 13:17, Atualizado em 31/08/2017 às 17:20

Contribuintes reclamam de corrupção no Detran e se revoltam com taxas altas

Clima é de preocupação entre usuários e servidores

Aline Machado e Arlindo Florentino, Fotos: Cleber Gellio / Midiamax
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Dois dias após a Operação Antivírus, que resultou na prisão do diretor do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul), Gerson Claro (PSB), e outros servidores com cargos de chefia, o clima é de tensão no local. Nesta quinta-feira (31), contribuintes relataram a preocupação com aumento de taxas e os esquemas de corrupção envolvendo o órgão.

“Sempre que tem corrupção, os valores das taxas cobradas aumentam porque precisam arrecadar mais para bancar as irregularidades", afirma o moto-entregador, de 45 anos, que preferiu não se identificar.

Desde a Operação Antivírus comandada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), na última terça-feira (29), vários questionamentos a respeito do órgão foram levantados.

A operação investiga suspeitos de envolvimento em crimes de corrupção ativa, passiva, fraude em licitação, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. A ação culminou no cumprimento de nove mandados de prisão preventiva, três de prisão temporária e 29 mandados de busca e apreensão.

O diretor presidente do órgão, o adjunto Donizete Aparecido da Silva, chefe da Divisão de Execução Orçamentária, Finanças e Arrecadação Érico Mendonça e o diretor do departamento de TI (Tecnologia da Informação) Gerson Tomi e o diretor de Administração e Finanças Celso Braz de Oliveira Santos tiveram prisão preventiva decretadas durante a operação, no entanto, foram liberados na madrugada dessa quarta-feira (30), por meio de habeas corpus.

Sobre a operação, o operador de empilhadeira, de 30 anos, que também não quis se identificar, diz que precisam ser mais frequentes. "Deveria haver ao menos um pente fino por ano. São muitos os esquemas dentro do Detran. Acho que isso também tem a ver com a venda de habilitações", declara.

As investigações também aumentaram o clima de tensão entre os servidores do Detran-MS. Ontem, concursados se vestiram de preto em protesto contra os esquemas de corrupção envolvendo o órgão, pediram a volorização dos servidores de carreira e a redução do número de comissionados.

Hoje, uma servidora comissionada criticou os colegas. "Eles têm estabilidade e por isso não se preocupam com a produção, ficam acomodados. A diretoria está muito preocupada com outros assuntos e não fiscaliza o desempenho dos concursados", afirma.

Até o momento a cúpula do Detran não foi substituída e os cargos estão sem direção. Os serviços na Capital ocorrem normalmente.

Situação no interior -

Na última segunda-feira (28), o Sindetran (Sindicato dos Servidores do Detran-MS) informou de que a realização dos exames práticos de habilitação estavam suspensos. Até ontem 11 municípios estavam sem o serviço e a situação se agravou.

Conforme o presidente do sindicato, Octacílio Sakai Junior, nesta quinta-feira, apenas Campo Grande e Dourados mantêm os exames. O serviço foi interrompido por falta de pagamento das diárias e até o momento nenjma medida foi adotada para reverter a situação.