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Médicos são presos por cobrar procedimentos oferecidos pelo SUS

Dois médicos foram presos no interior do Rio Grande do Sul. Há anos eles cobravam por procedimentos oferecidos de graça pelo SUS.

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Divulgação

Dois médicos foram presos em Itaqui, no interior no Rio Grande do Sul. Segundo as investigações, há anos eles cobravam por procedimentos oferecidos de graça pelo Sistema Único de Saúde.

Na conversa gravada a pedido da polícia, uma paciente do SUS, grávida de cinco meses, pede ao médico para fazer uma cesariana e, na mesma cirurgia, uma ligadura de trompas, esterilização cirúrgica para não engravidar mais.

Médico:Eu vou te dizer o que eu vou te cobrar pelo ligamento, meu preço. E tu vai lá e diz: "ó, doutor Afonso vai me cobrar isso, quero saber quanto tu me cobra, tenho seis filhos". Entendeu? Ah, mas é contra lei. O senhor vai fazer ou não vai fazer?

O Ministério da Saúde determina que a ligadura não seja feita junto com o parto, a não ser em casos extremos, mas alguns médicos de Itaqui, na fronteira com a Argentina, faziam os procedimentos e ainda cobravam, mesmo quando a internação era pelo Sistema Único de Saúde.

Médico:Ninguém tá te pressionando. Se vai querer fazer cesárea com ligamento, aí eu vou te cobrar R$ 1.800.

Segundo as investigações, o esquema acontecia há, pelo menos, 13 anos. “Aquelas pacientes que não tinham como pagar pelo procedimento, era aguardada a entrar em trabalho de parto e mesmo em sofrimento, mesmo muitos dias em trabalho de parto, se elas não tinham condições e dinheiro para pagar o médico, não era realizada a cesárea. Os médicos se negavam a realizar a cesárea”, afirma Ana Gabriela Becker Gomes, delegada da PF.

Para a polícia, o lucro com o golpe pode passar de R$ 1,5 milhão. Na noite de domingo (5), dois médicos foram presos. Eles foram levados para Uruguaiana, uma cidade vizinha, porque não há penitenciária em Itaqui. Eles vão responder por crimes de corrupção, estelionato e realização de esterilização cirúrgica ilegal. A pena pode chegar a 12 anos de prisão. Um terceiro médico, um anestesista e uma secretária que faziam as cobranças devem responder em liberdade por corrupção.

Os advogados dos médicos disseram que só vão se manifestar após terem acesso ao inquérito. A administração do hospital não comentou o caso.

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