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Dólar opera instável após BC não renovar swaps

Na véspera, moeda norte-americana caiu 0,57%, a R$ 3,1275.Nas três últimas sessões, a divisa acumulou queda de 5,13%.

Após abrir em alta, o dólar virou e passou a oscilar nesta quarta-feira (25), repercutindo o anúncio do Banco Central depois do fechamento dos negócios da véspera de que não renovará o programa de oferta diária de swaps cambiaisalém de 31 de março. O BC se compromenteu, porém, a renovar integralmente os contratos que vencem a partir de 1º de maio, levando em consideração a demanda pelo instrumento e as condições de mercado.A moeda norte-americana chegou a anular a alta mais cedo diante de números mais fracos do que o esperado sobre os Estados Unidos, mas o efeito passou ao longo da manhã na medida que os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA devolveram as perdas.Por volta das 15h48, a moeda norte-americana tinha alta de 1,74%, a R$ 3,182 para venda.

São 2 bilhões de dólares que o BC deixa de injetar no mercado por mês, então nós vamos ter de contar com fluxo positivo para ver um alívio no câmbio, disse o especialista em câmbio da corretora Icap, Italo Abucater. Isso vai ser sentido na tendência do dólar nas próximas semanas, mas a decisão em si já era mais ou menos esperada.

Autoridades do BC já vinham afirmando que o atual estoque de swaps cambiais, correspondente a cerca de 115 bilhões de dólares, já atende à demanda por proteção da economia brasileira. Esse discurso foi repetido na véspera pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

De maneira geral, agentes financeiros receberam bem a notícia. Tanto o Goldman Sachs quanto o BNP Paribas elogiaram a decisão e salientaram que o atual estoque de swaps tem gerado crescentes custos fiscais ao BC.

Nos moldes que assumiu nos últimos meses, a eficácia da intervenção claramente se dissipou. O impacto marginal de um leilão diário de 100 milhões de dólares em swap era quase inócuo quando ajustado para o tamanho do mercado de câmbio brasileiro, escreveram os estrategistas do BNP Paribas Gabriel Gersztein e Thiago Alday em nota a clientes.

A perspectiva de rolagens integrais e a afirmação, da parte do BC, de que a autoridade monetária poderá realizar operações adicionais por meio dos instrumentos cambiais ao seu alcance também contribuíam para limitar a pressão cambial.Nesta manhã, o BC brasileiro deu continuidade às intervenções diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps, com volume equivalente a 98 milhões de dólares. Foram vendidos 1.400 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 600 para 1º de março de 2016. O BC também vendeu a oferta total de até 7,4 mil swaps cambiais na rolagem dos contratos que vencem em 1º de abril. Ao todo, a autoridade monetária já rolou o equivalente a 6,389 bilhões de dólares, ou cerca de 64% do lote total, correspondente a 9,964 bilhões de dólares.Nos mercados internacionais, o dólar perdia terreno contra outras moedas importantes, após as encomendas de bens duráveis nos EUA inesperadamente recuarem em fevereiro.

Investidores vêm monitorando de perto indicadores econômicos da maior economia do mundo para avaliar se o Federal Reserve terá margem para elevar os juros em junho ou se deixará o início do aperto monetário para o segundo semestre.

Estamos vendo por aqui principalmente vendas (de dólares) por estrangeiros, na esteira desse número. O investidor local segue cauteloso, afirmou Abucater, mais cedo. Mas os rendimentos dos Treasuries devolveram a queda vista após a divulgação do dado econômico, tirando fôlego da entrada de dólares no Brasil e novamente elevando as cotações da divisa norte-americana.

VésperaNa véspera, a moeda norte-americana caiu 0,57% frente ao real, a R$ 3,1275 para venda. Na mínima da sessão, a divisa chegou a ser negociada a R$ 3,0924.

De acordo com a agência Reuters, a divisa trocou de sinal pelo menos oito vezes durante o pregão, com investidores ponderando as declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, sobre o programa de intervenções da autoridade monetária no câmbio.

Fim do programaO fim do programa de oferta diária de swaps cambiais (que funcionam como uma venda futura de dólares) pode significar mais pressão de alta sobre o dólar, que vem operando nos maiores patamares em mais de 10 anos.Segundo o Banco Central, os leilões de venda de dólares com compromisso de recompra continuarão a ser realizados em função das condições de liquidez do mercado de câmbio.

Sempre que julgar necessário, o Banco Central do Brasil poderá realizar operações adicionais por meio dos instrumentos cambiais ao seu alcance, diz o BC em nota.

Desde agosto de 2013, o órgão trabalha com o compromisso de recompra da moeda, para conter o avanço do dólar frente ao real. Os leilões diários de swaps cambiais funcionam como venda de divisas no mercado futuro, além de venda de dólares com compromisso de recompra. O objetivo é fornecer hedge (proteção contra a flutuação cambial) ao mercado e evitar maiores pressões sobre o câmbio.

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