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Anúncio oferece vaga em curso de Medicina da UFMS por R$ 48 mil

Delegada não crê que instituições de ensino estejam envolvidas e, para ela, se trada de um estelionatário (Foto: Leonardo de França)

Um anúncio on-line feito na área de classificados de um site de notícias de Campo Grande colocou à venda vagas para curso de Medicina e os preços variam entre R$ 48 mil, para estudar na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), e R$ 19 mil, no caso de uma instituição particular. 

O caso foi denunciado ao jornal O Estado, que repassou as informações à Polícia Civil. 

Conforme a delegada Fernanda Félix Carvalho Mendes é bem provável que se trata de um golpe.

O problema é que, na verdade, não se tem garantias de que essa matrícula, fora dos padrões legais, será feita – o que seria uma fraude. O mais provável é que a pessoa que se oferece para burlar o sistema se trata de um estelionatário.

“É garantido. Com dinheiro se consegue tudo no Brasil, entendeu? Eu já faço sua matrícula para esse semestre”, garantiu o suspeito do outro lado da linha, que atendeu com um telefone com prefixo da Bahia. Ele ainda ofereceu um endereço para quem quiser enviar algo por correspondência ou encontrá-lo: rua da Paz, número 100, onde, na verdade, está localizado o Fórum de Campo Grande.

A oferta, tentadora para quem está há anos esforçando-se para passar em Medicina, foi denunciada a O Estado e o caso foi apresentado para a Polícia Civil pela reportagem ontem. A delegada-adjunta da Dedfaz (Delegacia Especializada de Repressão de Crimes de Defraudações e Falsificações), Fernanda Félix Carvalho Mendes, recebeu a ocorrência e identificou como uma possível forma de estelionato. “Não acredite em ilusões, facilidades”, alertou.

Ela deixou claro que há remotas chances de instituições de ensino estarem envolvidas neste tipo de golpe. Em geral, o suspeito de estelionato tenta obter qualquer tipo de vantagem como recarga no celular, reunir informações pessoais de vítimas, inclusive endereço e, também, receber depósito de quantias mais elevadas de dinheiro.

No caso do possível golpe da compra da vaga em Medicina, os valores que o suspeito tenta angariar são de R$ 3,9 mil de entrada (para vaga em universidade particular) ou R$ 8,9 mil (para a instituição pública). “Essas pessoas têm habilidade, sabem convencer”, destacou a delegada.

De fato o suspeito é perspicaz, conforme apontado pela delegada. Na conversa entre a reportagem e o “vendedor”, quem está oferecendo o ilícito evita responder muitas perguntas e sempre reforça pedidos como a solicitação de dados pessoais e comprovante de depósito. No diálogo, ainda há sempre sinais de empatia.

A assessoria de imprensa da UFMS informou que aderiu o Sisu (Sistema de Seleção Unificada) do Ministério da Educação para a seleção dos candidatos. Assim, todo o processo de seleção segue critérios do governo federal.

Golpe envolve também venda de carteira de advogado e eliminação de dívidas

A vaga para curso de Medicina não é o único produto oferecido nos anúncios do site de notícias em Campo Grande. Identificado com nomes diferentes, aparentemente, o mesmo suspeito também ofertou carteira da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) sem a necessidade de prova e a liberação de crédito com o fim de dívidas em nome de pessoa física.

A possibilidade da mesma pessoa estar cometendo diferentes golpes é evidenciada porque o contato telefônico disponibilizado era o mesmo em todos os casos. O e-mail também era o mesmo.Essa situação foi denunciada ao O Estado, que levou o caso para a delegada da Dedfaz (Delegacia Especializada de Repressão de Crimes de Defraudações e Falsificações) Fernanda Félix Carvalho Mendes.

Ela explicou que a equipe de Campo Grande acompanhará o caso, mas a condução do inquérito acaba sendo feita por autoridades lotadas onde há a suspeita da presença do autor, conforme determina a legislação. “São casos complicados, com diferentes ramificações e que geralmente envolve polícias de mais de um Estado”, detalhou a delegada.

O caso denunciado ao jornal demonstra que o suposto golpe envolve ações em pelo menos mais três Estados do país. O anúncio foi feito em Mato Grosso do Sul, mas os números dos telefones têm código DDD (Discagem Direta à Distância) da Bahia e do Sergipe e o banco onde o interessado nas “facilidades” deve realizar o pagamento seria em São Paulo.

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