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Intenção não era ofender, diz à polícia jovem flagrada em ato de racismo

Patrícia Moreira prestou depoimento nesta quinta-feira (4) em Porto Alegre.Investigada pelo crime de injúria racial, ela chegou ao local chorando muito.

(Foto: Ronaldo Bernardi/Agência RBS)

Logo depois do depoimento prestado por Patrícia Moreira, a jovem que foi flagrada por câmeras de TV chamando o goleiro Aranha, do Santos, de macaco, o delegado Cleber Ferreira, responsável pelo caso, comentou a conversa entre a torcedora e a polícia. Segundo ele, Patrícia afirmou que não teve a intenção de ofender o atleta.

Ela não nega as palavras, mas a intenção não era ofender, ela foi no embalo da torcida. Ela explica que tem canções e o próprio Inter se chama de macaco, afirmou o delegado.

Uma semana após se envolver em episódio de injúrias raciais contra o goleiro Aranha, a torcedora compareceu à 4ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre para prestar depoimento, na manhã desta quinta-feira. Chorando muito, ela chegou ao local por volta das 10h acompanhada do advogado e de um dos irmãos. Durante a passagem da jovem por entre jornalistas e curiosos, ouviu-se um grito de racista.

Patrícia é a sexta torcedora a prestar depoimento sobre o caso. Seu pronunciamento, que durou cerca de uma hora, era o mais aguardado pela grande exposição que teve ao ter sua imagem mostrada pelo canal ESPN chamando o goleiro do Santos de macaco na última quinta-feira (28), na vitória do Santos por 2 a 0 sobre o Grêmio, pelas oitavas de final da Copa do Brasil.

O delegado tem 30 dias para concluir o inquérito sobre o caso. Caso seja necessário, Patrícia pode ser chamada novamente para depor.

Representantes de movimentos negros compareceram à delegacia para protestar durante o depoimento. Estamos cheios desse racismo das torcidas organizadas. Essas torcidas têm que ser extinguidas, disse Flaviana Santos de Paiva, presidente do movimento Unegro.

Já mais calma após falar com o delegado, Patrícia saiu do local por volta das 11h acompanhada do irmão Nei e do advogado e entrou no carro sem falar com a imprensa. Cerca de 6 manifestantes a esperavam na rua e gritaram Vem xingar o macaco e racista.

Um esquema de segurança foi montado ao redor da delegacia, a pedido da Polícia Civil. Chamei o GOE (Grupo de Operações Especiais) para proteger a menina, principalmente depois da situação do Grêmio, da decisão (que resultou na eliminação do clube da competição nacional), afirmou o delegado Herbert Ferreira ao G1 antes da chegada da torcedora.

Até agora, seis prestaram esclarecimentos. Na quarta (3), foram três: Rodrigo Rysdyk, líder da torcida Geral do Grêmio, e os torcedores Fernando Ascal e Éder Braga. Os dois últimos também aparecem nas imagens de TV durante as ofensas ao goleiro do Santos.

Mais cedo, o delegado Herbert Ferreira afirmou estar mais ou menos satisfeito com os depoimentos colhidos aqui. A investigação está evoluindo, tem mais gente para ser ouvida. É que o pessoal mais próximo da grade não colabora, né. Diz que não viu e não ouviu nada. Um dos que vieram ontem estava grudado no guarda-corpo, mandei as imagens a ele, mas ele disse que não viu nada, ninguém xingando o goleiro. Mas claro, eles sao orientados pelo advogado, relatou.

Diante da repercussão sobre o caso, Patrícia evitou dormir em casa nos últimos dias. A jovem, que no dia seguinte ao episódio perdeu o emprego na clínica odontológica da Brigada Militar, em Porto Alegre, se refugiou em residências de parentes e amigos para evitar retaliação. Nem a mãe diz saber de seu paradeiro. Na sexta-feira, pedras foram jogadas em direção à casa onde mora

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