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Lista confidencial de pagamento da Enersul tem cerca de 60 nomes

Deputado federal Elizeu Dionísio teve acesso aos dados e informações, após reunião com a CVM (Foto: )
Enersul pagava a cerca de 60 pessoas físicas e jurídicas, por meio de uma folha confidencial (Foto: Marcelo Calazans)

A lista confidencial da Enersul tem mais de 60 nomes entre pessoas físicas e jurídicas, que recebiam valores por mês sem que houvesse qualquer justificativa ou vínculo de emprego com a empresa. O deputado federal Elizeu Dionísio (SD) reuniu-se na semana passada com representantes da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que lhe passaram informações e dados que estão sendo analisados por sua equipe técnica. O total pago irregularmente soma cerca de R$ 700 milhões.

A princípio no relatório feito pela PWC (PricewaterhouseCoopers), eram apenas 35 nomes na “Folha Confidencial”, no entanto nos documentos repassados ao deputado Elizeu Dionísio este número é superior a 60 integrantes, com registro de pessoas que recebiam até R$ 1,5 milhão.

“Faltam páginas dos autos e ainda não foram juntados os relatórios de auditoria emitidos pela PwC (PricewaterhouseCoopers Contadores Públicos) com seus anexos, mas já estamos em poder da lista dos principais beneficiados com pagamentos suspeitos do Grupo Rede, disse o parlamentar.

Questionado se existiam políticos nesta “Folha Confidencial”, Dionísio ressaltou que não poderia citar nomes. “Não quero ser irresponsável ao apontar para esse ou aquele, o estudo do material, demanda corpo técnico especializado, submeti todo o material a profissionais experientes, com formação em economia, finanças e auditoria judicial, eles estão levantando valor por valor, pagamento por pagamento, beneficiário por beneficiário, esclareceu o deputado.

Dionísio ponderou que o material disponibilizado ainda está incompleto, o que está dificultando a análise dos profissionais que ele contratou para fazer esta apuração, já que são mais de 6 mil páginas. Durante encontro com os representantes da CVM, estes se comprometeram em esclarecer todos os fatos e possíveis irregularidades que envolvem o Grupo Rede, assim como disponibilizar a documentação necessária.

Em relação a responsabilidade da Energisa, que assumiu a Enersul, ele ponderou que a mudança de controle acionário não a isenta das ações dos seus antecessores, tendo esta que responder pelos eventuais prejuízos causados pelos dirigentes do grupo Rede. O deputado espera que esta apuração possa gerar redução nas tarifas ou compensações financeiras nas contas de energia.

“Todos os custos que as empresas experimentaram no passado foram transferidos aos consumidores por meio da tarifa. Nos reajustes homologados pela Aneel nesse período, foram considerados pedidos de aumentos de tarifas pautados em diversos componentes financeiros”, disse o economista Fernando Abrahão, que integra a assessoria técnica do parlamentar. Ele ponderou que se ficar comprovado as irregularidades, os valores deverão ser ressarcidos.

Reunião – O deputado Elizeu Dionísio se reuniu na semana passada com os representantes da CVM e com os técnicos contratados para analisar esta documentação, já que entre suas atividades em Brasília, faz parte como membro titular da CFT (Comissões de Finanças e Tributação) e suplente da CFFC ( Comissão de Fiscalização Financeira e Controle). Ele inclusive apresentou requerimento para convocação do presidente da CVM, de dirigentes da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e membros da auditoria responsável pela apuração, no caso a PWC.

Durante este encontro, os representantes da CVM pediram um prazo de 10 dias para entregar ao deputado o material completo referente a este inquérito e também a outros que já foram solicitados. O parlamentar acredita que estes desvios não estão apenas restritos a Enersul e sim as demais empresas que faziam parte do Grupo Rede.

Outros inquéritos - Dionísio requisitou documentos referentes a outros inquéritos envolvendo o Grupo Rede, que foram levantados por auditoria contratada por aqueles que tiveram que “intervir” na empresa, quando se revelou indícios de fraude contábil, superfaturamento na contratação de serviços de tecnologia de informática, omissão de passivos, assim como seguros, que além da Enersul, estiveram na Cemat (Centrais Elétricas Matogrossense) e Celtins.

A intenção é ampliar esta apuração, já que também foi encontrado nestas empresas indícios de desvio de recursos por meio de contratos, sem a devida comprovação. Nesta reunião, o parlamentar pediu cópias dos inquéritos abertos em 2011, 2012 e 2013, que já foram abertos para investigar o grupo Rede.

Ele inclusive estranhou que tanto a Aneel, como a diretoria da CVM não tenham se aprofundado sobre estes processos, já que apresentam denúncias graves. Em um destes inquéritos, existem suspeitas da existência de conta bancária no JP Morgan, em Nova York, que teria recebido recursos no valor de R$ 37 milhões, em negócios que envolvem trocas de ações da Enersul, com os grupos EDP e Denerge.

O deputado menciona também relatos que estão no inquérito que mostram que Jorge Queiroz, ex-controlar do Grupo Rede, possuía em nomes de pessoas ligadas a ele, corretoras de seguro, que eram contratadas pela concessionárias do grupo, por valores acima do mercado, assim como suspeita que fornecedores teriam que devolver valores dos contratos superfaturados, assim como seus funcionários e despesas pessoais pagos com cartão de crédito do grupo.

“É preciso apurar os fatos e se confirmados identificar os responsáveis, onde estava a ANEEL que não viu nada disso”, lembrando que não existe nenhum documento desta (Aneel) emitindo alerta quanto às finanças do Grupo, ou qualquer ressalva sobre sua contabilidade.

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