Publicado em 07/05/2015 às 13:11, Atualizado em 26/10/2016 às 11:57

Negro tem 2,5 vezes mais chance de ser morto; Em MS taxa de vulnerabilidade é média

Fagner de Olindo, Correio do Estado

Jovens negros são as principais vítimas da violência e têm 2,5 vezes mais chances de serem assassinados no Brasil do que jovens brancos, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira (7) pela Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República, em Brasília.

Em Mato Grosso do Sul, um jovem negro tem 0,3% mais chance de ser assassinado do que um jovem branco. A taxa de vulnerabilidade é considerada média e o Estado está entre os seis da Federação, que não registraram agravamento da situação, se comparado a relatório emitido em 2007.

Os dados fazem parte do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014, elaborado em parceria da secretaria, Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Ministério da Justiça e o escritório da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) no Brasil. Os dados utilizados são de 2012.

De acordo com o levantamento, em todos os estados brasileiros, exceto o Paraná, os negros, que incluem pretos e pardos, com idade de 12 a 29 anos, correm mais risco de exposição à violência, ou seja, estão mais vulneráveis que os brancos (que incluem brancos e amarelos), na mesma faixa etária.

O relatório traz um índice inédito, que mostra que a cor da pele dos jovens está diretamente relacionada ao risco de exposição à violência. O cálculo leva em conta mortalidade por homicídios e acidentes de trânsito, frequência à escola e situação de emprego, pobreza no município e desigualdade.

Com relação à vulnerabilidade, Alagoas é o estado com maior índice, seguido da Paraíba, Pernambuco e Ceará. São Paulo tem a menor, junto de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais e Distrito Federal.

HOMICÍDIOSLevando em conta somente o critério de homicídios, a Paraíba é o estado com maior risco relativo aos jovens negros. No estado, um jovem negro tem 13,4 vezes mais chance de ser assassinado do que um jovem branco. Pernambuco possui a segunda maior taxa (11,57).

O Paraná é a única unidade da federação onde um jovem branco corre mais risco de ser assassinado que um jovem negro. O DF tem baixa vulnerabilidade, mas uma das maiores taxas de desigualdade na mortalidade entre jovens negros e brancos.

Com relação a 2007, houve agravamento em 21 das 27 unidades da federação, diz o relatório, com exceção de Espírito Santo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.

O Nordeste é a região com maior distância entre a taxa de homicídios de jovens negros e brancos. Em 2012, foram assassinados 87 negros para cada grupo de 100 mil jovens negros na região, contra 17,4 jovens brancos para cada grupo de 100 mil jovens brancos.

O Sudeste tem a menor taxa de homicídios de jovens negros. Ainda assim, ela é 49,1% superior à taxa de homicídios entre jovens brancos. O Piauí foi o estado em que o índice mais cresceu (25,9% de 2007 a 2012). O Rio de Janeiro teve a maior queda (43,3%).

Os dados de homicídios foram obtidos no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.

MUNICÍPIOSCabo de Santo Agostinho (PE) foi a cidade mais vulnerável à violência. O município em melhor situação era São Caetano do Sul (SP), com índice 0,174, o mais baixo verificado.

A Região Nordeste possui o maior número de municípios com alta e muito alta vulnerabilidade juvenil à violência, englobando 35 das 59 cidades avaliadas neste grupo.

O estudo incluiu todos os municípios com mais de 100 mil habitantes nas 27 unidades da federação, o que corresponde a 288 cidades e 107 milhões de habitantes (pouco mais de 55% da população brasileira).

Entre os municípios analisados, 24 estão na Região Norte, 59 no Nordeste, 139 no Sudeste, 48 no Sul e 18 no Centro-Oeste.

Segundo o governo, o novo indicador será utilizado pelo Plano Juventude Viva, da Secretaria Nacional de Juventude, para orientar políticas públicas de redução da violência contra jovens no país.