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Bombeiros encontram mais uma vítima em Mariana

O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais encontrou mais um corpo na área atingida pela onda de lama, com rejeitos de mineração, que devastou a região do Rio Doce na tarde de 5 de novembro. A vítima foi encontrada por volta das 21h de quarta-feira com ajuda de cães farejadores a 10 quilômetros de Ponte do Gama, distrito de Ponte Nova. A área está situada a 70 quilômetros de Mariana. O corpo está na perícia e aguarda identificação.

Os bombeiros continuaram os trabalhos de busca por 11 pessoas desaparecidas após o rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, no município de Mariana. Até esta quinta-feira, 13 corpos foram encontrados, oito deles já identificados.

Os 53 bombeiros que atuam nas buscas foram divididos em três grupos de trabalho. “Um grupo está fazendo escavações, com maquinário fornecido pela Samarco, outro grupo trabalha com cães para fazerem varredura nas áreas mais atingidas e uma pequena equipe, comandada por dois oficiais, está atendendo a imprensa e registrando imagens da tragédia”, informou o soldado Charles, da assessoria de comunicação dos Bombeiros. Ele disse que a Samarco forneceu tratores, uma escavadeira e uma britadeira para auxiliar os bombeiros.

De acordo com o soldado Charles, a lama na região de Mariana e Bento Rodrigues ainda está instável. “Quando faz sol, a lama endurece, mas como está chovendo todos os dias na região, amolece de novo, o que dificulta o trabalho.”

A onda de lama liberada com cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos destruiu o distrito de Bento Rodrigues, devastou o Rio do Carmo e o Rio Doce e agora avança pelo oceano no Espírito Santo, no município de Linhares.

Lama da Samarco

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse na quarta-feira que a lama com rejeitos de minério que vazou do rompimento de uma barragem da mineradora Samarco, não deve chegar ao Arquipélago de Abrolhos, nem aos manguezais de Vitória (ES). Segundo ela, tradicionalmente as correntes marítimas vão para o sul nesta época do ano e a dispersão está dentro das projeções. “Não se espera uma dispersão de 200 quilômetros (km) como imaginam”, disse.

– Estamos avaliando a dimensão do acidente para entender o comportamento [da lama] no mar. A dimensão da dispersão da pluma vai dar clareza de como isso vai impactar no mar, mas afeta os crustáceos, os microrganismos – explicou a ministra, destacando que a concentração da lama que se deposita na foz do Rio Doce é muito grande e está causando um “impacto irreversível”.

O Arquipélago de Abrolhos localiza-se no Oceano Atlântico, no litoral sul da Bahia, a 250 km da foz do Rio Doce. Vitória está a 150 km. A lama que escorre pelo Rio Doce atingiu o mar no último domingo e, segundo o Instituto Estadual de Meio Ambiente do Espírito Santo, a última atualização aponta que ela já se deslocou 5 km ao sul, 30 km ao norte e 20 km a leste, mar adentro. Entretanto, o deslocamento é influenciado pelas ondas e pelo vento, então pode mudar.

Izabella disse que a Bacia do Rio Doce já tinha um cenário de degradação ambiental, inclusive nas nascentes, por causa da atividade do garimpo e da falta de tratamento de esgoto, e que também passa por uma das maiores secas já registradas. “Recuperar o Rio Doce é possível em um compromisso de longo prazo. Já tínhamos um quadro grave, e agora um quadro crítico. Levará tempo, mas teremos que fazê-lo. Não dá pra abrir mão do Rio Doce, façamos desse desastre um exemplo de recuperação ambiental nesse país”, disse.

A multa de R$ 250 milhões aplicada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) à Samarco será recolhida ao Tesouro Nacional, mas deve constituir um fundo independente, segundo a ministra, para ser aplicado na revitalização do rio. “Até segunda-feira a multa ainda não tinha sido paga”, disse Izabella.

A ministra participou nesta quarta-feira do programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República em parceria com a EBC Serviços.

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