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Mãe de crianças queimadas no DF chora em velório: É uma covardia

Márcia Machado tem se mantido à base de medicamentos desde o crime.

Rômulo Nascimento, artesão de 21 anos suspeito de amarrar e botar fogo em crianças no DF (Foto: )
(Foto: Lucas Salomão/G1)

Mãe dos dois irmãos – um menino de nove anos e uma adolescente de 13 – encontrados amarrados e carbonizados em casa, no Distrito Federal, Márcia Machado da Silva chorou muito ao chegar no velório dos filhos, no início da tarde desta quarta-feira (14). Amparada por familiares, ela não parava de dizer que as crianças foram vítimas de covardia.

Eles não mereciam isso. É uma covardia, repetiu diversas vezes a mulher. Desde segunda, quando as crianças morreram, Márcia tem se mantido à base de remédios. Ela chegou a ser socorrida ao hospital após uma parada cardiorrespiratória.

A cerimônia começou por volta de 13h20 desta quarta-feira (14). Bastante abalado, o pai das crianças não quis conversar com a imprensa. Amigos e familiares chegaram a relatar mal estar durante o velório. Por volta das 15h, cerca de 200 pessoas estavam no local e havia fila para entrar na capela.

Segundo a Polícia Civil, as crianças foram agredidos, amordaçados, amarrados e incendiados depois que um artesão de 21 anos invadiu a casa deles para buscar eletrodomésticos como forma de quitar uma dívida de R$ 500, feita pelo irmão mais velhos dele.

Três policiais civis que participaram das investigações foram ao local para dar um abraço na família. Os agentes disseram que o suspeito, Rômulo Nascimento, deve ser transferido ainda nesta quarta para o Complexo Penitenciário da Papuda. Ele deve ficar em uma cela isolada.

A cerimônia foi realizada depois que amigos da família fizeram uma vaquinha. Os custos com velório, caixão e lápides ficaram em R$ 5 mil, e a família não tinha condições de arcar com as despesas sozinha.

Não consigo tirar da minha cabeça o desespero dele. Não consigo. Uma família linda, muito unida, muito carinhosa. Imagino que o Marcos Paulo [irmão mais velho, que fez a dívida] esteja arrasado, disse Noemi Viana.

A administradora também falou que o grupo está arrecadando eletrodomésticos e roupas para a família, que morava de aluguel, já que eles perderam tudo o que tinham com o incêndio. Os pais decidiram entregar a casa à imobiliária e precisarão reformá-la antes da devolução.

Perderam todas as coisas, queimou tudo. Quando falei com o Waldir [pai das crianças], ele não tinha nem roupa para vestir ou dinheiro para comprar os remédios da esposa, afirma Noemi. Agora estão na casa da sogra dele, mas vão precisar começar do começo. Já conseguimos máquina de lavar, geladeira e micro-ondas. Também ofereceram apoio psicológico. Tem uma amiga que cedeu por dois meses o apartamento. Tudo que vier, será bem-vindo.

Preso poucas horas após o crime, o suspeito, Rômulo Nascimento, chegou a desenhar o passo a passo da situação. Ele disse que agiu contra as crianças porque elas começaram a gritar quando ele tentou levar um notebook.

Em forma de protesto pelo que ocorreu, amigos e familiares afixaram cartazes no portão da casa da família, que está fechada para perícia. Eles deixaram mensagens de carinho e pediram por justiça. Colegas de escola das crianças planejaram uma manifestação para o fim da tarde desta terça.

Perderam todas as coisas, queimou tudo. Quando falei com o Waldir [pai das crianças], ele não tinha nem roupa para vestir ou dinheiro para comprar os remédios da esposa, afirma Noemi. Agora estão na casa da sogra dele, mas vão precisar começar do começo. Já conseguimos máquina de lavar, geladeira e micro-ondas. Também ofereceram apoio psicológico. Tem uma amiga que cedeu por dois meses o apartamento. Tudo que vier, será bem-vindo.

Preso poucas horas após o crime, o suspeito, Rômulo Nascimento, chegou a desenhar o passo a passo da situação. Ele disse que agiu contra as crianças porque elas começaram a gritar quando ele tentou levar um notebook.

Em forma de protesto pelo que ocorreu, amigos e familiares afixaram cartazes no portão da casa da família, que está fechada para perícia. Eles deixaram mensagens de carinho e pediram por justiça. Colegas de escola das crianças planejaram uma manifestação para o fim da tarde desta terça.

Liberada do hospital ainda nesta segunda após sofrer uma parada cardiorrespiratória, a mãe das crianças foi para a casa de familiares em Santa Maria. Os corpos das crianças continuam no Instituto Médico Legal. Não há previsão para o enterro.

CrimeNa versão apresentada à polícia, o suspeito afirmou que teria vendido, alguns dias antes, peças de artesanato ao irmão mais velho das vítimas. No fim de semana, o homem contou que havia cobrado do cliente o valor dos produtos, e ouviu que deveria ir à casa da família na segunda-feira, para receber parte do valor.

Conforme o combinado, o artesão foi até a residência e lá recebeu R$ 100 do irmão das vítimas. Pouco depois, o rapaz voltou ao local, tocou a campainha e encontrou a criança e a adolescente sozinhas. Ele disse aos dois que havia voltado porque esqueceu algo na casa.

Quando o homem falou que levaria embora um notebook para liquidar a dívida, as vítimas começaram a gritar. O suspeito, então, revelou que pôs a menina em um quarto e amarrou as mãos dela com um fio de telefone. Depois, conduziu o garoto a outro quarto e o amarrou com um pedaço de lençol rasgado.

O jovem decidiu, então, escorar cadeiras e um sofá nas portas dos dormitórios para impedir que os irmãos saíssem e colocou fogo na residência. Saindo de lá, o autor do crime ainda encontrou a mãe das vítimas na rua, que o cumprimentou.

A Polícia Civil informou que o suspeito não tinha antecedentes criminais. Ele vai responder por duplo latrocínio (roubo seguido de morte) e pode pegar até 60 anos de prisão. Detido no Departamento de Polícia Especializada, o homem deve ser transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda ainda nesta terça-feira.

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