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Morte trágica foi precedida de ameaças e perseguições 

Não quero que ele morra, só que pague pelo que fez, diz filho de mulher morta pelo ex 

(Foto: Victor Chileno )

A trágica morte da funcionária do Hospital Regional de Campo Grande Vilma Alves de Lima, 57 anos, foi precedida de semanas de ameaças de morte e perseguições. O autor do crime, o ex-marido Wilson Lima, 69 anos, não aceitava a separação e incomodava a ex-mulher com telefonemas persistentes e a procurava em seu local de trabalho. A situação é relatada por filhos, colegas de trabalho e membros da igreja que ela frequentava. Na tarde desta quarta-feira, 6 de janeiro, o corpo da mulher está sendo velado na capela de uma funerária no Centro da Capital. 

O crime foi praticado por volta das 16h40 de ontem, dia 5, na recepção do Hospital Regional. Vilma conversava com Wilson no local quando foi esfaqueada por ele no braço e na barriga. A vítima foi socorrida na unidade hospitalar, mas não resistiu aos ferimentos. Já Wilson fugiu do local do crime em seu veículo Celta e, ao chegar na BR-262, tentou se matar duas vezes, primeiro entrando com o carro na frente de um caminhão e depois desferindo uma facada contra o próprio peito. O homem está internado na Santa Casa de Campo Grande. 

O filho mais velho de Vilma, Edson Lima, 40 anos, sabia do sofrimento da mãe. Segundo ele, Vilma e Wilson foram casados por 12 anos. O padrasto, conforme Edson, sempre teve um temperamento difícil, mas foi nos últimos anos que a convivência do casal ficou insuportável. Vilma reclamava que era frequentemente ofendida e desqualificada pelo marido. “Quando ela separou fez uma reunião com a gente para explicar os motivos”, relembra Edson. 

Vilma decidiu sair da residência do Casal, no Jardim das Nações. Há dois meses, ela estava morando com uma filha, no Bairro Aero Rancho. Como Wilson não aceitou a separação amigável, a mulher procurou a Defensoria Pública para dar início ao processo de divórcio litigioso. Amigos próximos relatam que Vilma foi aconselhada várias vezes a tomar cuidados, pois temiam que Wilson cumprisse as ameaças. 

Funcionária dedicada ao trabalho, Vilma foi promovida, no ano passado, à coordenadora do Setor Administrativo de Internações, do Hospital Regional, do qual era servidora concursada há 10 anos. Subordinada e amiga de Vilma, a assistente administrativa Leila Costa, 36 anos,  relata ter ouvido desabafos da coordenadora. “Ele não a deixava em paz. As ameaças eram constantes. Muitas pessoas avisaram para ela não andar sozinha”, relembra, citando ainda que Vilma chegou a registrar um Boletim de Ocorrências por ameaça contra Wilson. O ex-marido já tinha discutido com Vilma no local de trabalho dela outras vezes, segundo Leila. 

Emocionada, Leila diz que Vilma era uma espécie de “mãe” dos funcionários do setor administrativo no Regional. “Ela era uma pessoa de paz e que pacificava o ambiente”, enaltece. Quem também elogia a conduta de Vilma é Beatriz Gimenes, de 45 anos, que frequentava a mesma igreja que ela no Bairro Guanandi. “Ela era luz. Iluminava por onde passava”, define.

Internado na Santa Casa, Wilson precisou passar por uma cirurgia por ter esfaqueado o próprio peito. O filho de Vilma, Edson Lima, torce para que o ex-padrasto sobreviva. “Não desejo que ele morra, mas quero que ele pague pelo que fez. Quero justiça, não morte”, afirmou Edson. Vilma deixa ainda outras duas filhas de 36 e 38 anos, além de nove netos e um bisneto, de dois meses, nascido no interior do Estado, que ela deseja conhecer, mas não teve tempo. 

O sepultamento do corpo de Vilma está previsto para às 17 horas desta quarta-feira, no Cemitério Jardim da Paz, na saída para Sidrolândia. 

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