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PM entra na Bolívia atrás de contrabandista e viaturas são retidas

(Foto: Anderson Gallo/Camila Cavalcante-Diário Corum)

Oito policiais e duas viaturas permaneceram na Diprove, sede da Polícia Boliviana de Puerto Quijarro, nesta quinta-feira (16), por terem entrado com armas em território boliviano durante perseguição ao motorista de um Voyage branco, que transportava uma carga de roupas sem a documentação fiscal. O autor foi preso pelos próprios policiais brasileiros, que pertencem ao 6º Batalhão da Polícia Militar  de Corumbá, com participação da Polícia Boliviana que, em Puerto Quijarro, encaminhou os policiais militares e o homem detido para a sede da Diprove.

A perseguição iniciou por volta das 11h30, na fronteira de Corumbá com a Bolívia, quando uma equipe à paisana da Receita Federal viu quando o carro do homem era  carregado em uma trilha clandestina conhecida como trilha do Gaúcho. Era uma grande quantidade de mercadoria e quando o abordamos, ele imediatamente iniciou a fuga. Tentou entrar na Bolívia, não conseguiu e veio para Corumbá. Pedimos o apoio da Polícia Militar e saímos em perseguição. Já na cidade, ele bateu em um Honda Civic e pegou o caminho de volta para a fronteira, batendo também em outros veículos que estavam à sua frente. Nós o cercamos e ele jogou o carro contra mim e outro servidor da Receita e acabou entrando em território boliviano, contou ao Diário Corumbaense o auditor fiscal da Receita Federal, Thiago Lessa, que foi à Delegacia da Polícia Federal corumbaense registrar ocorrência contra o motorista, além do crime de descaminho, por tentativa de homicídio e fuga.

Duas guarnições da Polícia Militar continuaram perseguindo o contrabandista na Bolívia, que acabou preso. Porém, as autoridades daquele País, detiveram também os policiais militares brasileiros e as viaturas por terem invadido o território boliviano portando armas. Somente por volta das 18 horas, o fiscal (promotor) da Província de German Busch, Roman Guhuayhua afirmou que os policiais não estavam detidos, mas, permaneciam na delegacia aguardando para darem mais declarações a respeito da perseguição. Porém, foi enfático ao apontar que a PM quebrou acordos internacionais ao invadir terras bolivianas com armas de fogo.

“Estamos vendo os tratados internacionais e reforçamos que temos uma boa relação com o Brasil. Estamos resolvendo a situação. Só há um detido e um veículo retido, que é o rapaz que estava com as roupas. Os policiais brasileiros estão aguardando na sede da Polícia para algumas declarações. Eles vieram para cá por terem entrado em território boliviano com armas, o que não é permitido”, frisou.

Mais cedo, o comandante geral da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, coronel Deusdete Souza de Oliveira Filho, disse  que havia um acordo “informal” com as autoridades daquele País. Nós já estamos em contato com as autoridades bolivianas para esclarecer a situação, porque anteriormente, já tínhamos, informalmente, acordado uma possibilidade, não de entrar no País vizinho, mas sim de um acompanhamento e pedido de apoio nessas situações e hoje, para nossa surpresa, os veículos e as guarnições foram retidos, contou ao informar ainda que destacou oficiais da corporação para esclarecer o caso.

Porém, o promotor boliviano disse à imprensa, que não tinha conhecimento desse acordo informal. “Não há nenhum acordo informal em relação à entrada da polícia brasileira em território boliviano com armas nem vice e versa”, explicou.  

O condutor do Voyage foi detido em uma residência localizada no bairro El Carmem, próximo à feirinha boliviana. Ele teria invadido a residência de um mecânico e tentado se esconder no local, após abandonar o veículo e as mercadorias. O mecânico informou ao Diário Corumbaense que apenas o conhece de vista devido ao fato de já ter consertado o veículo dele. “Foi bem rápido, eu estava trabalhando, minha mulher me chamou e disse que havia polícia em nossa casa. A PM entrou em minha casa, procurou o rapaz, o encontrou em um dos quartos e o levou. Foi uma ação que assustou a todos”, disse.

Segundo a Receita Federal, o homem, de 33 anos, já é conhecido da fiscalização. Foi detido duas vezes por crime de descaminho e até teve perda de veículo. Ele também foi levado para a sede da Diprove e segundo informações, teria levado um tiro de raspão no punho direito. Um advogado já o acompanhava no País vizinho. 

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