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A Corrupção Fala por Você? Por Felipe Zampieri Teruia

O país que sonhamos para os nossos filhos será uma realidade se nos detivermos sobre as causas e a prevenção de nossa conduta como cidadãos.
Felipe Zampieri Teruia

Muito tem se falado em corrupção e assim, latente aos meus ouvidos, resolvi escrever algo referente ao tema essa semana. Não será tão difícil, pois durante os anos em que me dediquei a Assessora Legislativa na Câmara dos deputados em Brasília, por centenas de vezes ouvi este dizer mágico em meu cotidiano! O jeitinho, em questão, não é outro senão aquele que se busca para driblar algum ato imperativo legal, ou mesmo de ordem moral. De que tão fácil é absorvido em nossa sociedade, que aparentemente de forma hereditária, já deixamos transparecer em outros países essa nossa característica de busca de emergência, nos momentos de extrema necessidade, para o famoso jeitinho brasileiro.

Tais práticas de corrupção começam com a simples atitude de estacionar o carro em local onde é destinado para Idosos, deficientes, ao furar a fila em algum banco ou no supermercado, ou mesmo para adquirir um emprego sem passar por todas as formalidades previamente anunciadas, ao solicitar uma residência que é distribuída através de sorteio e cumprindo os respectivos critérios para distribuição, eis que surge mais uma vez a tão abominável, transvestido do famoso “Jeitinho Brasileiro”.Muitas vezes vestido de uma roupa simples, modesto, e até mesmo risonho até, a forma de solicitar o jeitinho varia de pessoa para pessoa e de autoridade para autoridade; mas, em todos os casos, a essência é a mesma: transgredir, burlar, ludibriar estabelecido, passar por cima da lei, obter privilégios e benefícios escusos.

O país que sonhamos para os nossos filhos será uma realidade e somente terá efeito se nos detivermos sobre as causas e a prevenção de nossa conduta como cidadãos, no respeito ao dispositivo legal de que a lei é para todos e a ela todos devem se submeter.O Embrião de corrupção no país, elemento de desagregação do conceito de cidadania, crescemos com uma visão modificada da lei. É o momento onde a Lei da Selva, que é a do mais forte, e também a “Lei da VAN”, de sempre querer levar vantagem, toma a frente e cristaliza a emoção de que esta lei servirá para os outros, não para nós mesmos; e que a lei somente deve ser invocada se em benefício próprio – em contraposição com o benefício da sociedade como um todo.

Em agosto de 2010, escutei um discurso de um candidato a deputado Federal, onde o mesmo dizia que os políticos, não brotam do chão, não nascem nas árvores e muito menos caem do céu, e que o eleitor deveria estudar muito o candidato em quem deveria votar. Cheguei a um entendimento que o ensino básico precisa passar por uma completa reformulação. Penso que, tão importante quanto uma criança aprender o alfabeto e os cálculos matemáticos, deveria ensiná-la simultaneamente com exemplos práticos o significado de princípios morais e éticos como honestidade, veracidade, fidedignidade, acatamento às leis,a disciplina onde se ensina o hino do estado onde vivemos funções do legislativo e do executivo, seria uma forma de despertar o interesse de uma geração que está adormecida na frente dos Smart fones.

É compreensível, que os adultos pudessem exemplificar tais pressupostos morais. Porém, é impossível visualizar uma nação justa e perfeita, sem que o fortalecimento desses aspectos comezinhos, condizentes com a formação de um caráter nobre, estejam firmemente enraizados em nossa sociedade. Uma sociedade áurea não será alicerçada por cidadãos de aço. Jamais visto, essa afirmação necessita uma reflexão profunda dos pais e educadores e, também, daqueles que norteiam o nosso país e fazem parte de uma grande fatia da nossa sociedade que são formadores de opinião em suas diversas áreas de abrangência.

Porém, como jogar luz sobre ética e moral em um país tão esfacelado pelo mau-caratismo, onde vemos nos jornais, revistas, telejornais, rádios “a vida como ela é” a nos envolver como meros expectadores e, com o tempo, a considerar a situação atual como absolutamente normal? Não podemos mais esperar, chegou o momento de questionar os valores morais nas pautas dos telejornais, as mensagens, explícitas ou subliminares, que a dramaturgia televisiva nos serve a cada dia, a cada noite.

Gostaria de deixar bem claro que não se trata de censura, trata-se de um posicionamento. Há um bem maior a ser preservado e que diz respeito ao futuro da nação, uma responsabilidade com as novas gerações. Algo assim inescapável. Portanto, deixo a seguinte reflexão aos senhores leitores: o que estamos fomentando nas mentes das crianças com a construção de um novo Brasil?

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