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Advogada de motorista de Porsche diz que cliente é alvo de 'linchamento' e que Estado deve comprovar embriaguez

Carine Acardo Garcia afirmou que acidente que provocou a morte do motorista de aplicativo Ornaldo Viana foi uma ‘fatalidade’. ‘Por óbvio, meu cliente não saiu à noite para atropelar uma pessoa.’

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À esq., Fernando Sastre Filho, motorista de Porsche que bateu em Sandero e matou Ornaldo Viana (dir.) em via da capital paulista — Foto: Reprodução

Em entrevista coletiva na tarde da quarta-feira (2), Carine Acardo Garcia, advogada de Fernando Sastre de Andrade Filho, motorista do Porsche que matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana após bater no carro dele, afirmou que “está existindo um linchamento” contra seu cliente.

“O que está se criando, me parece, é uma disputa entre classes que não existe, não deveria existir. O que aconteceu foi uma fatalidade. Por óbvio, meu cliente não saiu à noite para atropelar uma pessoa. Eu entendo que ninguém sai de casa na intenção de atropelar e matar uma pessoa.”

Fernando foi indiciado por homicídio com dolo eventual - quando se assume o risco de matar -, lesão corporal e fuga do local do acidente. "Existem as circunstâncias em que uma pessoa pode assumir o risco? Existem, mas a Justiça vai ver se foi o caso ou não", disse.

Questionada sobre a velocidade do Porsche na madrugada deste domingo (31) quando passava pela Avenida Salim Farah Maluf, na Zona Leste de São Paulo, e provocou o acidente, a advogada disse que Fernando dirigia acima dos 50km/h permitidos na via, “mas a gente não consegue precisar quanto”. “A gente não consegue saber com exatidão, porque não veio o laudo da perícia”, reforçou.

A respeito dos sinais de embriaguez de Fernando citados em depoimento à polícia por uma das testemunhas do acidente, Carine destacou o que o motorista já havia afirmado: “Ele alega que não bebeu”.

“A princípio, há uma testemunha que diz isso, mas os PMs também são testemunhas, também foram ouvidos e nenhum PM relata que ele tinha sinal de embriaguez. Normalmente, os PMs têm o poder de fazer a prisão em flagrante nesse caso, mesmo que ele não quisesse assoprar o bafômetro”, completou.

Ao ser questionada se a estratégia da defesa é refutar que Fernando estivesse dirigindo após ter bebido, Carine nega. “Na verdade, o Estado tem que comprovar que houve a embriaguez. Não é a pessoa que está sendo processada que tem que demonstrar que não cometeu o crime. Tudo vai ser apurado e, se houver um culpado, vocês não tenham dúvida, o culpado vai ser punido pelo Estado.”

“Sem adiantar a defesa, evidentemente, mas num dado momento existe um freio do carro do senhor, e aí me parece, assistindo ao vídeo, que parece que não se conseguiu frear. Foi isso que aconteceu, foi uma fatalidade.”

Carine afirmou também que tentou contatar a família de Ornaldo, mas não conseguiu. “Tentamos procurar. A gente não conseguiu contato. O advogado [da família da vítima] esteve aqui [na delegacia] ontem [terça-feira], tentei conversar com ele, ele não quis. Pediu para a gente esperar um pouco. Claro, gente, é uma situação extremamente difícil, sou um ser humano também, fiquei consternada, obviamente, era um pai de família, os filhos estavam aí.”

Ela afirma que Fernando pretende ajudar os parentes da vítima. “Já gostaria de estar prestando [algum auxílio], mas eles pediram para a gente ter um pouquinho de paciência, porque eles não querem falar com a gente ainda."

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