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Como é ser noiva de um homem sem pênis

(Foto: Discovery Networks International)
(Foto: Discovery Networks International)

A vida sexual da assessora pessoal de compras Fedra Fabian passou a ser intensamente discutida pelo público quando seu namorado foi tema de um documentário… sobre o fato de que ele não tem pênis.

O noivo de Fedra, Andrew Wardle, nasceu com uma anomalia conhecida como extrofia da bexiga, uma condição que fez com que sua bexiga fosse formada na parte externa do corpo. Como resultado, ele ficou sem pênis. (Posteriormente os médicos conseguiram reinserir a bexiga dentro do corpo.)

Andrew, que vive no Reino Unido, manteve sua condição em segredo durante anos, mas finalmente decidiu se abrir em um documentário do Discovery Networks International chamado ‘O Homem Sem Pênis’, que foi ao ar nos Estados Unidos em 5 de outubro, no canal TLC.

O documentário acompanhou Andrew enquanto ele se submeteu a procedimentos médicos que usaram músculos e pele retirados de seu braço para criar um pênis totalmente funcional. (O procedimento final será realizado no início de 2016.) Além disso, o especial também falou sobre o relacionamento dele com Fedra, e de como ambos lidam com o problema de Andrew.

Mesmo depois de assistir ao documentário nós ainda ficamos com algumas dúvidas — então falamos por email com Fedra, que é originalmente da Hungria mas atualmente vive no Reino Unido, para obter mais respostas.

Women’s Health: Como você conheceu Andrew?

Fedra: Eu o conheci em um acampamento de férias no qual nós dois trabalhávamos na época.

WH: Quanto tempo demorou para ele contar sobre a sua condição? E como ele deu a notícia?

Fedra: Logo no início ele tentou me contar, mas obviamente não é um assunto fácil. Na verdade não existe um momento perfeito para fazer isso.

É fácil de explicar se eu analisar o tema sob outra perspectiva: imagine que você não pode ter filhos porque tem alguma doença, algo que não é sua culpa. E você começa a namorar alguém de quem você realmente gosta, e você sente que pode ser amor, e precisa contar a ele sobre a sua condição.

Você vai morrer de medo de fazer isso, especialmente porque já lidou com reações ruins no passado; relacionamentos terminaram por causa disso, mas não porque você fez algo errado ou por algo que você pode mudar.

A primeira vez em que Andrew tentou me contar nós estávamos namorando há alguns meses, e ele não conseguiu. Ele finalmente me contou na noite anterior à publicação da notícia nos jornais. Ele não podia mais adiar, e não queria que eu descobrisse lendo o jornal. Foi uma conversa muito difícil para nós dois.

WH: Seus amigos e sua família sabem sobre a condição de Andrew ou você a manteve em segredo até agora?

Fedra: Minha família sabe desde que Andrew me contou, mas ainda há algumas pessoas que não sabem. Nós não ficamos falando sobre isso. Às vezes a minha mãe pergunta como o Andrew está e se nós sabemos a data da sua cirurgia final. Eles o amam por quem ele é — uma pessoa incrível, um espírito livre e engraçado, e um homem forte.

WH: Qual foi a sua reação inicial?

Fedra: Sendo completamente honesta, meu cérebro parou de funcionar. Eu fiquei chocada, mas quando consegui me recompor eu disse a ele que daríamos o nosso melhor para fazer o relacionamento funcionar. Eu também preciso ressaltar que a nossa relação começou de uma forma diferente das que ele teve anteriormente, pois desde o começo ele tinha muita esperança de que a cirurgia iria trazer a sua ‘saúde’ de volta. Então eu sempre soube a respeito da operação.

Podemos dizer que a nossa situação foi mais fácil por sabermos que havia uma luz no fim do túnel.

WH: Como você acha que a condição dele afeta o seu relacionamento, além do aspecto sexual óbvio?

Fedra: Nós tivemos dois anos difíceis. Nós discutíamos demais no passado, e não conseguíamos nos conectar um com o outro. Eu não sabia dizer exatamente qual era o problema até que nós dois nos abrimos. Foi um processo muito lento e desafiador.

Mas se você ama alguém, não importa o que aconteça, você vai encontrar o caminho para o seu coração… Este relacionamento tem um fluxo diferente, você precisa deixá-lo entrar e encontrar-se dentro dele.

WH: Há algo relacionado à sua vida sexual que outras mulheres poderiam invejar ou com o qual os homens poderiam aprender?

Fedra: Nós temos uma comunicação muito melhor entre nós, por razões óbvias. Nós não podemos deixar de lado uma discussão e fazer as pazes na cama. Nós não podemos “deixar para lá”, nós precisamos resolver a situação se algo está nos incomodando.

WH: Vocês já conversaram sobre casamento e sobre ter filhos? Como são estas conversas?

Fedra: Sim, já conversamos. Nós estamos noivos desde janeiro de 2015, mas ainda não estamos planejando o casamento, já que temos um assunto mais importante para resolver antes.

WH: Você acha que Andrew aceita mais as suas falhas por causa da condição que ele tem?

Fedra: Eu acho que esta situação faz com que ele seja mais aberto e possa entender os outros com mais facilidade. O que eu notei no Andrew (e gostei logo de início) é que ele sempre faz perguntas e é muito sincero nas suas respostas. Ele tem um coração muito bonito e honesto, e um forte senso de justiça. Ele é realmente um homem fantástico!

WH: Como você se sentiu quando soube que outro homem com um pênis transplantado engravidou uma mulher (se é que você ouviu isso?)

Fedra: Eu não havia ouvido até agora, mas estou muito feliz por eles! Nós desejamos uma vida longa e feliz para toda a família.

WH: Quais perguntas você está cansada de responder?

Fedra: Não existe uma pergunta específica. É a natureza da pergunta que me deixa desconfortável, já que é um assunto muito privado. Eu também entendo que a nossa situação é diferente e que as pessoas querem saber. Mas o Andrew está tentando ajudar os outros e eu o apoio da melhor forma possível. Às vezes me sinto um pouco esquisita no final do dia. Estou falando com estranhos sobre a minha vida pessoal, meus medos e problemas… não parece algo natural.

WH: Você prestou atenção à resposta do público em relação ao documentário?

Fedra: Isso não é parte do nosso dia a dia. Eu não estou acompanhando as conversas e o burburinho. Eu espero que a exibição possa ajudar alguém a não desistir e a se manter forte.

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Por Korin Miller

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