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Dia Mundial do Rim reforça importância de exames simples que podem controlar doenças graves

“Viver como um prisioneiro”. Foi assim que o aposentado José Ferreira de Alencar descreveu os doloridos anos em que precisou fazer hemodiálise para manter as funções do rim. Há 20 dias, ele conseguiu o tão sonhado transplante e hoje se recupera na Santa Casa de Campo Grande. No Dia Mundial do Rim (10), médicos alertam que exames simples podem detectar alterações no funcionamento do órgão e muitas vezes evitar que doenças se agravem, levando até a morte. Assim como milhares de pessoas, o aposentado José confessa que dos exames ele nunca se lembrou.

“A população deve, não só ter hábitos saudáveis, praticar exercícios, controlar a pressão e o diabetes, como também realizar, pelo menos uma vez ao ano, exames simples que podem detectar alterações no rim, como o exame creatinina e urina 1, feitos pelo exame de sangue. Com essa triagem, é possível avaliar as funções renais e já iniciar o controle da doença”, explicou a médica nefrologista Elsa Alidia Petry Gonçalves, coordenadora da linha nefro-urologia do Hospital Regional.

A médica explicou ainda que com o diagnóstico precoce e controle da doença é possível tardar o tratamento dialítico. “Deste modo conseguimos tardar uma hemodiálise. Em alguns casos, com o diagnóstico no início da doença, as funções do rim podem ser reversíveis, inclusive. Por isso é sempre importante a rapidez no diagnóstico”, explicou.

Na expectativa de receber alta até a semana que vem, o aposentado José, de 51 anos, conta que nunca fez exames específicos e nem mesmo deu atenção necessária aos cuidados simples. “Nunca fiz exames. E no meu caso, eu descobri também que era hipertenso e diabético aos 40 anos, quando o rim já estava ficando bem debilitado”.

Conforme Elisa, quando o rim perde 90% de sua capacidade funcional e começa a trabalhar com 10% de sua função é preciso iniciar a terapia de substituição renal, o pesadelo dos renais crônicos: a hemodiálise. Em alguns casos, pacientes entram em diálise antes mesmo de ficar com apenas 10% da função renal.

“É terrível. Precisar da hemodiálise é viver como um prisioneiro, como em uma prisão. Fiz hemodiálise durante sete anos e, nesse tempo, três vezes por semana eu precisava me ligar àquela máquina”, lembrou José.

A irmã mais velha de José não teve a mesma sorte que ele e, na fila para o transplante, acabou morrendo por complicações renais. A história do aposentado serve como alerta à população aos cuidados com a saúde. “Talvez se eu soubesse que era hipertenso e diabético poderia ter tido mais qualidade de vida, controlando a doença”, disse ele.

Sobre o rim, a médica explica que “o órgão vai parando de funcionar aos poucos, afetando o paciente de forma cônica ou aguda. O rim é responsável por equilibrar os líquidos e filtrar o sangue”.

Conforme a Sociedade Brasileira de Nefrologia, em 2013, mais de 31 mil pessoas aguardavam na fila para transplante renal.

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