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Duas irmãs recebem transplantes de pulmão do mesmo doador

Uma ficou com o pulmão direito e a outra ficou com o pulmão esquerdo

Em uma situação surpreendente, as irmãs Irma Myers-Santana, de 71 anos, e Anna Williamson, de 69, receberam transplantes de pulmão retirados do mesmo doador: Irma ficou com o órgão esquerdo e Anna com o direito. As duas sofrem de fibrose pulmonar idiopática há cerca de 10 anos e submeteram-se às operações no início do mês em Houston, nos Estados Unidos.Durante meses, elas discutiam sobre quem precisava do transplante com mais urgência, cada uma querendo que a outra recebesse o órgão primeiro. Mas no, início e janeiro, as duas acabaram na mesma sala de cirurgia, em um feito que os médicos do Hospital Metodista de Houston dizem que foi inédito na instituição.Nunca aconteceu antes... Nós já transplantamos irmãos antes, mas com anos de diferença entre uma operação e outra, disse o médico Scott Scheinin, que fez o transplante de Irma. Foi um pouco de sorte.A fibrose pulmonar idiopática é uma doença crônica que leva à formação de fibroses nos pulmões, diminuindo sua capacidade de oxigenar o sangue. Ainda não existe tratamento eficaz, o que leva à alternativa do transplante.Levando em conta o tipo sanguíneo, a altura e a severidade da doença, seria muito difícil que Irma e Anna encontrassem um doador que se enquadrasse nos três critérios ao mesmo tempo, segundo Scheinin.A situação era ainda mais complexa porque elas insistiram em um transplante sem sangue, pois são Testemunhas de Jeová e não aceitam transfusões. Elas vivem na Califórnia, mas o Houston Memorial, no Texas, é o único hospital do país que realiza esse tipo de transplante.A ironia de tudo isso é que somos irmãs, somos as duas Testemunhas de Jeová, temos o mesmo tipo sanguíneo e recebemos (os pulmões) do mesmo doador, disse Anna, com os olhos cheios de lágrima. É uma das primeiras vezes em anos que ela consegue terminar uma frase sem tossir.É um milagre ter todas essas coisas alinhadas dessa forma, disse Anna. Até o transplante, ela tossia durante todo o dia e tinha que estar ligada a um tanque de oxigênio constantemente. Há cerca de um ano, seu médico disse que ela precisaria de um transplante.Foi então que ela e seu marido foram a Houston, há 10 meses. Em seis meses, Irma teve um declínio repentino e se juntou ao casal, esperando que ela também pudesse ser uma candidata viável a esse tipo de transplante.Durante a espera, elas viveram em uma casa a poucos metros de distância do hospital. Em algumas ocasiões, cada uma chegou a receber uma oferta de órgão, mas elas sempre discutiam sobre quem deveria recebê-lo.Se não tivéssemos feito o transplante quando fizemos, estaríamos mortas agora, disse Anna. Irma concorda e diz pensar que a situação de Anna era ainda mais difícil que a sua.Agora, menos de duas semanas após a cirurgia, as irmãs usam maquiagem, estão com o cabelo arrumado e brincam com os médicos, convidando-os para uma visita a Santa Barbara com direito a manicure e pedicure de graça no salão de Anna. Seus maridos e filhos as acompanham e elas conseguem falar, brincar e rir sem um tanque de oxigênio.

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